O deputado Marcelo Ramos (PSB) deixou de disputar a reeleição para entrar na eleição majoritária (Foto: Valmir Lima)
Candidato a governador do Amazonas, o deputado estadual afirma que é o único que representa mudança radical e moderada
MANAUS – Marcelo Ramos Rodrigues ou Marcelo Ramos, como é conhecido, é candidato a governador do Amazonas pelo PSB. Com 40 anos de idade (completa 41 este mês), mesmo número da urna nestas eleições, ele afirma que entrou para disputar a vaga e não está preocupado com os números das pesquisas de intenção de voto que o colocam em larga desvantagem em relação aos dois primeiros colocados. Marcelo Ramos começou sua carreira política militando no PCdoB, partido pelo qual se elegeu vereador de Manaus. Ele assumiu uma cadeira na Câmara Municipal de Manaus em 2007, quando era suplente de vereador, e se reelegeu em 2008. “Fui 16 anos do PCdoB e quando o PCdoB passou para o lado de quem eu sempre combati, eu abandonei o PCdoB e fiquei com a minha história e com a minha coerência”, afirma. No PSB, Marcelo Ramos se elegeu deputado estadual, em 2010, mandato que cumpre enquanto disputa o Governo do Amazonas. A seguir, a entrevista completa.
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Como surge a candidatura de Marcelo Ramos a governador do Amazonas?
Valmir, eu muito provavelmente seria reeleito deputado estadual. No entanto, o quadro político que ia se formando, ia me empurrando para disputar a reeleição num cenário de vinculação a uma das candidaturas dessa política que eu sempre combati. E, vendo que a eleição caminhava para a falta de uma alternativa real de mudança para o povo do Estado do Amazonas, nós decidimos apresentar o nosso nome, numa atitude de desprendimento e, acima de tudo, de certeza de que a política não existe para resolver a minha vida, e que o político não deve fazer a escolha do que é mais fácil e mais cômodo para ele. O político deve fazer o que a história exige dele. Eu entendi, entendo, nós entendemos, que a história exige de nós nesse momento o dever de apresentar uma alternativa real de mudança e é isso que estamos fazendo.
O Serafim Corrêa era o candidato do PSB aos cargos majoritários ao longo dos anos. Por que o partido optou agora por Marcelo Ramos?
Quando acabou a eleição passada, na primeira reunião que tivemos no PSB, o próprio Serafim disse que ali encerrava o ciclo dele de disputa de eleição majoritária. Então, é uma transição natural de um partido que felizmente tem um líder que é capaz de enxergar que chegou a hora de abrir espaço para uma nova geração. Infelizmente, as outras agremiações ainda não tiveram essa atitude de grandeza que o Serafim teve.
Pelos números que as pesquisas de intenção de votos mostraram até aqui, o Marcelo Ramos não teria condição de vencer a eleição. A sua candidatura é apenas um preparativo para uma possível candidatura a prefeito de Manaus em 2016?
De jeito nenhum, até porque, depende dos números que você enxerga. Eu enxergo os números que dizem que 57% dos eleitores querem uma mudança radical e 22% querem uma mudança moderada. E nesse processo, só quem representa mudança radical ou moderada sou eu.
Esses números são de qual instituto?
São da última pesquisa publicada pela Perspectiva. Portanto, a nossa candidatura é para oferecer uma alternativa para o povo do Amazonas, mas uma candidatura para ganhar. Se eu quisesse marcar posição ou alimentar o meu nome, seria muito mais razoável eu me eleger deputado e disputar a eleição no meio do mandato, que eu não perderia nada. Ninguém corre o risco de ficar sem mandato por conta de projetar o nome para uma eleição em 2016. Eu sou candidato para ganhar a eleição agora.
Mas o senhor acha que tem tempo de crescer a ponto de disputar o segundo turno?
E tenho convicção de que tem tempo. Se você pegar o cenário de pré-definição de candidaturas, as candidaturas alternativas às de Braga e Melo, que representam praticamente a mesma coisa, representavam 30% a 35% do eleitorado. E 35% do eleitorado é capaz de colocar alguém no segundo turno. Então, o que nós precisamos é ter uma campanha inteligente; agora é que as pessoas vão começar a se preocupar com eleição. E a hora que as pessoas olharem na prateleira e verem que não existem só duas candidaturas, que existem alternativas e que existe uma alternativa de alguém que nunca compactuou com esse grupo que está no poder desde 1982, tenho certeza de que elas darão uma chance à mudança.
No programa de governo apresentado ao TRE, vocês falam em fazer aliança com as forças vivas da sociedade. Quais são essas forças?
Nessa nossa caminhada, a gente vai percebendo que os partidos têm cada vez menos identidade com coisas bonitas que estão sendo feitas por homens e mulheres comuns. Dia desses cheguei em casa e minha esposa havia cortado o cabelo bem curtinho. Ela sempre teve o cabelo grande. Eu perguntei: “O que é isso?” E ela disse: “Eu doei o meu cabelo. Tem um cabeleireiro fazendo uma campanha de doação de cabelos para fazer peruca para mulheres com câncer”. Isso são as forças vivas da sociedade. É gente que está discutindo o meio ambiente, gente que está fazendo projeto social, gente que está dentro de igreja fazendo um monte de coisa bonita, gente que acredita na mudança e faz da sua vida um instrumento de mudança. Essas forças vivas, cada vez menos conseguem se identificar com os partidos políticos. Portanto, nós não fomos atrás dos partidos tradicionais. Claro que nós valorizamos os partidos, eles são fundamentais para a democracia, mas os partidos políticos brasileiros precisam ser refundados. As pessoas não se enxergam nos partidos políticos.
O PSB também precisa ser refundado?
Eu acho que todos os partidos precisam, e o PSB tem feito essa autocrítica na prática, quando o Serafim abre para que novas lideranças surjam. Isso é um entendimento de que é preciso abrir um novo ciclo na política, de que é preciso refundar os partidos. Quando o Eduardo Campos [presidente nacional do PSB] abre o partido para a presença da Marina [Silva], que tem uma forma diferente de ver o mundo, isso simboliza um desejo de oxigenação da vida partidária. Então, as forças vivas da sociedade, são milhares de homens e mulheres que estão aí fazendo o bem, sem necessariamente estarem vinculados a partidos.
Mas essa falta de aliança com outros partidos resulta em um tempo mínimo de rádio e televisão para a propaganda eleitoral, que é o espaço em que o candidato consegue aparecer mais para o eleitorado.
Valmir, nós temos 2 minutos de TV. Eu não tenho nada para me explicar. Portanto, tenho tempo suficiente para propor o que tenho que propor. Quem precisa de 9 minutos de TV é quem tem muito o que explicar.
O seu programa de governo também fala em “pacto por um Amazonas mais justo”. Com quem serão feitos esses pactos?
Primeiro, tem que partir do governo. Não estamos propondo um assembleísmo. O governo tem que ser a força motriz desse processo. Agora, temos consciência de que não é possível fazer bem sem fazer juntos. A sociedade precisa ser chamada. O governo decide uma política para a educação, mas não convence o professor dessa política; ele não consegue chegar lá na ponta. O governo decide fazer o Ronda no Bairro, que tem uma lógica de polícia comunitária, mas não convence o policial que está na viatura de que ele tem que ter uma relação democrática com a sociedade. Não vai chegar na ponta essa política. Então, dependendo do setor, Você tem que construir e convencer dos projetos quem atua lá na ponta. A determinação parte de cima, mas ela vai conquistando as pessoas. Nós vamos ter um governo inteiro comprometido com o projeto. E a partir do comprometimento da máquina governamental como um todo, é preciso haver o envolvimento da sociedade com partícipe. O orçamento público não é um dinheiro que cai do céu. É fruto do suor do trabalho de cada homem e de cada mulher. Não é justo que a construção do orçamento seja coletiva e a decisão de onde se vai aplicar seja privada de um cidadão ou de uma minoria da estrutura burocrática do governo.
O governo federal começou a incentivar, em diversos setores, a realização de conferências para discussão e proposições para a formação de políticas públicas. É esse o caminho que o seu governo tomará?
Não. O problema é que a conferência vira um órgão consultivo que aponta diretrizes para o governo. Nós achamos que o governo tem que ser o orientador, através de um diálogo com a sociedade. Agora, nós precisamos convencer as pessoas de que o projeto é adequado. Vou dar um exemplo prático: Educação. O Amazonas tem um problema seriíssimo: é o penúltimo colocado no PISA [Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, sigla em inglês], e o Brasil é dos últimos do mundo, e o Amazonas é o penúltimo entre os últimos do mundo em Ciências Naturais, onde estão incluídas Matemática e Língua Portuguesa. O aluno que não sabe Português e Matemática, não tem como saber outra coisa. O aluno que não sabe Português, não vai saber História, não vai aprender Biologia. O aluno que não sabe matemática, não vai aprender Física ou Química. Então, é preciso convencer o aparelho estatal da educação de que nós precisamos elevar o patamar de Português e Matemática para conseguir elevar o patamar da educação como um todo. Hoje, os governos artificializam isso. Eles estabelecem metas, através de programas nacionais, e fingem que estão melhorando os índices. A cada vez que há uma avaliação nacional, é desmascarado o desastre que é a educação no Amazonas.
Um diferencial do programa de governo de vocês é que ele aponta algumas soluções, como “melhorar o ensino de Matemática e Português”. Os programas de governo geralmente tratam de coisas muito genéricas sobre a “melhoria da qualidade da educação”. Agora, o problema é como melhorar. Vocês têm perspectiva de como fazer essa melhora?
O governo do Estado tem uma ferramenta fundamental. Na verdade, ele tem duas ferramentas. Uma são as escolas de tempo integral, em que você pode usar o contra turno da aula para aumentar a carga horária de Português e Matemática, sem comprometer a carga horária das outras disciplinas. A outra ferramenta é a Universidade do Estado do Amazonas. A UEA precisa ter seus cursos de graduação e pós-graduação orientados para esse objetivo estratégico da educação. Fortalecer licenciaturas de Matemática, de Letras, levar essas licenciaturas para o interior do Estado, porque o interior faz concurso para professor de matemática e não consegue preencher vaga. Mas o governo do Estado, aqui no Amazonas, tem o instrumento para superar essa crise, que é a UEA. Se você coordenar a ação da UEA e acrescentar mais horas-aula de Português e Matemática, nós vamos elevar essas disciplinas para níveis razoáveis e, a partir daí, criaremos a base a partir da qual nós poderemos desenvolver a educação.
“Tirar o interior do atraso e do abandono” é uma das propostas do seu plano de governo. Isso é uma promessa que todo candidato faz. Qual a diferença do senhor para os outros?
O primeiro diferencial é que eu nunca fui governador. Portanto, nunca tive a chance de tirar o Amazonas do atraso. É até patético o Eduardo [Braga] e o [José] Melo falarem em tirar o Amazonas do atraso. Eles que condenaram o Amazonas ao atraso. Eles e quem está no palanque deles. Se você juntar de 1982 para cá, todos os que levaram o Amazonas para o atraso estão no palanque de um ou de outro. Então, é patético eles falarem em tirar o interior do Amazonas do atraso. E o segundo diferencial é uma ideia de visão de mundo. Eles acreditam nessa lógica perversa de manter o interior na miséria para cuidar do interior com caridade e utilizar o interior do ponto de vista eleitoral. Nós entendemos que a forma de tirar o interior do atraso é desenvolvendo atividade econômica no interior. A Zona Franca de Manaus resolveu bem a situação de Manaus, com os seus problemas, com os seus percalços, mas resolveu bem. Mas não conseguiu atingir as demandas de geração de atividade econômica de emprego e renda no interior. Nós achamos que o primeiro caminho é o da vocação natural, que é o caminho do setor primário. E para isso, é preciso regularização fundiária, como ponto zero. Sem regularização fundiária, nem começa. Agilidade na aprovação de planos de manejo para que você possa atuar na legalidade e produzir de forma sustentável, preservando a natureza. Resolvidas essas duas questões, fomento. A distribuição de recursos da Afeam [Agência de Fomento do Estado do Amazonas], por exemplo, não tem que ser feita de acordo com interesses político-eleitorais de quem governa, tem que ser de acordo com o planejamento estratégico de desenvolvimento do Estado. Vai ter dinheiro quem tiver uma atividade econômica dentro do planejamento estratégico. E assistência técnica, que temos que mudar a natureza dela. A assistência técnica tem que ser de ponta a ponta: tem que começar na produção e terminar no comércio. Porque, às vezes, você dá assistência técnica para o homem do interior produzir, mas a dificuldade dele está na ponta, em comercializar o produto. Além do setor primário, nós precisamos fomentar uma indústria mais identificada com as nossas vocações naturais, que é a bioindústria: fármacos, cosméticos, as essências, as frutas. Para isso, precisa coordenar a ação. Primeiro, precisamos resolver o CBA [Centro de Biotecnologia da Amazônia], que todo mundo fala que vai resolver e ninguém resolve. E no nosso entendimento, o CBA tem que ser repassado para a gestão da Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária], que já tem ‘expertise’ nessa questão de atividade de desenvolvimento econômico no setor primário. O CBA precisa ter uma ação coordenada com a Fapeam [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas] e com a Afeam, para que você possa desenvolver uma indústria principalmente ligada a extrativismo, que possa gerar pequenos parques no próprio interior e ali criar atividade econômica com geração de emprego e renda. Fora isso, explorar as potencialidades turísticas do interior do Estado, que são imensas, mas que dependem de uma infraestrutura mínima que até hoje o Estado não foi capaz de oferecer.
Mas essa questão do CBA, a gente sabe que não se resolve no âmbito do Estado, porque é uma instituição federal, e até hoje não caminhou por conta de um imbróglio entre três ministérios, que não chegam a um acordo sobre qual deles deve geri-lo.
Mas o Estado tem que saber o que quer. Para tratar com o governo federal, o Estado tem que saber o que quer. Nós sabemos o que queremos com o CBA. No nosso diálogo com o governo federal a demanda será repassar a gestão do CBA para a Embrapa. E a partir da gestão do CBA pela Embrapa, nós orientaremos toda a política de pesquisa e de fomento do Estado para que sejam sinérgicos os esforços do CBA com as instituições estaduais. A Fapeam vai valorizar projetos que tenham identidade com as linhas de pesquisa do CBA. A Afeam vai financiar atividades econômicas que tenham identidade com as linhas de pesquisa do CBA. Aí, sim, você tem uma ação sinérgica.
O senhor falou na Fapeam, e eu lembro que atualmente essa instituição tem recursos para pesquisa, mas eles estão totalmente pulverizados e não há nenhum nicho de pesquisa voltado para uma área que contribua para o desenvolvimento econômico do Estado.
Ela não tem identidade com o planejamento do Estado. Mas não tem identidade porque o Estado não tem planejamento. Qual é o planejamento estratégico para o desenvolvimento da economia do Estado? Se alguém tem, está escondendo. E se está escondido, não serve pra nada. Porque esse planejamento tem que existir, tem que ser distribuído para a sociedade para que ela tenha o controle social do cumprimento das metas. E tem que ser transversal em relação a todas as secretarias de governo. Hoje, como não há planejamento, cada secretaria faz o que quer, pesquisa o que quer, incentiva o que quer, gasta como quer. Nós vamos definir uma linha de planejamento, definir atividades econômicas prioritárias, definir objetivos e metas, publicar esses objetivos e metas. Nós também vamos mudar outra coisa que precisa ser mudada no Amazonas, que é o critério de avaliação de secretário. O que faz um secretário continuar ou não secretário no Amazonas? Eu não tenho a mínima ideia, e nem tu. E se perguntar do governador, ele também não sabe. Para nós, o secretário terá meta. Por exemplo: o secretário de Educação vai ter que me dizer… Nós somos o penúltimo no Pisa. Ele vai ter que me dizer que posição nós estaremos no final o primeiro ano de governo, no final do segundo, no final do terceiro e no final do quarto. Essa informação será repassada para a sociedade e a cada final de ano vai ser feito o balanço do cumprimento dessas metas. Se cumprir a meta, ótimo. Se não cumprir, troca o secretário. Porque não dá para convivermos com essa situação. O Amazonas é um Estado muito rico e essa riqueza não chega na casa das pessoas, porque o dinheiro é mal gasto. Se você tiver metas, você gasta menos, gasta de forma mais consequente e alcança objetivos.
Tem outra proposta no plano de governo de vocês que é criar incentivos para baratear a cesta básica. Eu lembro que o governo dava um incentivo à cesta básica e retirou sob a alegação de que o comércio não repassava o benefício ao consumidor. Como o senhor vai trabalhar essa questão?
Eu não vou concordar com essa afirmação de que o comércio não repassa ao consumidor os incentivos da cesta básica, mas também não vou me aprofundar nela porque acho que isso não é o principal. Quando eu comecei a discutir isso como deputado, eu apresentei uma proposta ao governador Omar Aziz. Como é a regra do incentivo criado antes? É arroz, tem incentivo. É feijão, tem incentivo. É macarrão, tem incentivo. Não importa de que tipo, não importa quem vende e não importa quem compra. Nós defendemos que seja um programa por adesão. Você cria o programa cesta básica popular, as empresas que tiverem interesse aderem a esse programa e as que aderirem ganham incentivo, mas passam a ter limitação na margem de valor agregado. Passam a ter limitação no preço que podem vender na ponta. E o governo tem condições de fiscalizar isso através da nota fiscal eletrônica. Se o cidadão não quer ter limite na margem dele, tem supermercado de produto classe A que não existe para vender arroz, e sempre vai vender arroz com uma margem absurda. Ele pode continuar vendendo para esse supermercado, mas não vai ter incentivo. Você cria o programa por adesão, as empresas que aderirem terão um selo e um limite na margem de valor agregado. Isso é absolutamente possível.
Mas isso não cria o risco de você ter produtos de péssima qualidade na cesta básica?
Não, porque você vai ter todos os tipos de produto. O que diferencia o preço do produto é o mercado. Não é a cesta básica. Você não vai dar incentivo só para o arroz tipo A. Não importa o tipo. O que importa é você ter um limite na margem de valor agregado. O governo já limita isso, porque como ele cobra o ICMS antecipado, já estabelece o pagamento do importo na entrada. Então ele diz: arroz, a margem de valor agregado é 30%. Se ele comprou o arroz por R$ 10, vai vender no máximo por R$ 13.
O senhor foi contrário ao projeto do monotrilho para Manaus. Qual o modelo de transporte que o senhor defende para melhorar a mobilidade urbana em Manaus?
O maior investimento em mobilidade urbana feito em Manaus foram R$ 53 milhões do Expresso. O governo teve à sua disposição, R$ 1 bilhão e 600 milhões para uma solução de mobilidade. Com R$ 1,6 bilhão você tinha condições de fazer todo o anel de BRT, desapropriando e criando mais uma faixa para não engarrafar os veículos. Mas, obviamente, com a lógica de transferir todos os veículos do transporte coletivo para dentro do corredor exclusivo. Isso era absolutamente possível com R$ 1,6 bilhão. Infelizmente, a teimosia num projeto mal concebido, e aí eu não estou entrando no mérito. Monotrilho é ruim em qualquer hipótese? Não. Aquele monotrilho era ruim, absolutamente mal concebido. Eles dizem que ainda tem os recursos. Se ainda tem, nós vamos fazer. Porque eu vou ter a humildade de reconhecer que aquilo era uma aventura e fazer um projeto exequível. O quilômetro do monotrilho custa sete vezes mais do que um quilômetro de BRT. E mais: um quilômetro de BRT é construído em 12 meses. O de monotrilho, em 36 meses. Portanto, é uma obra mais rápida. E penso, também, que precisamos privilegiar cada vez mais as modalidades de deslocamento não motorizadas, precisamos criar ciclovias, ciclo-faixas, ciclo-rotas na cidade de Manaus. E precisamos resolver os problemas das nossas calçadas e arborizar a cidade para que os pequenos deslocamentos sejam feitos a pé, e deslocamentos médios, de bicicleta. Tem gente que diz: Ah, mas é muito quente. Só é andar na rua. Já tem um monte de gente indo trabalhar de bicicleta. O deslocamento para o trabalho é feito, em regra, antes das 8h e, na volta, depois das 18h, quando o calor já é bem menos intenso.
No programa de governo, o senhor tem quatro compromissos e um deles é não praticar ataques pessoais a candidatos. Por que isso foi colocado no documento?
Porque entendemos que essas brigas não mudam a vida das pessoas. Você ver: Eduardo Braga e José Melo estiveram a vida inteira juntos e agora parece que são inimigos. Um pelas redes, de uma forma sorrateira, atacando o outro. E eu pergunto: esses ataques, essa disputa entre eles, o que muda na vida do cidadão que esta esperando na fila por uma cirurgia lá no Hospital Adriano Jorge? O que isso muda na vida da pessoa que está esperando para fazer uma biópsia na Fundação Cecom? O que muda na vida de um estudante que está em uma rede de ensino que é a penúltima em Português e Matemática? O que muda na vida de um município do interior que não tem atividade econômica nenhuma e que não tem médico? Não muda nada na vida das pessoas. Nós só vamos discutir nessa campanha o que muda a vida das pessoas. E o que muda a vida das pessoas é discutir prioritariamente quatro questões: saúde, educação, segurança e geração de emprego e renda. Claro que podemos, em determinado momento, demarcar diferenças em relação a outros candidatos. Isso é natural, legítimo e democrático. Porque ninguém diz em campanha que vai ser um mau gestor. Todos dizem que vão ser bons gestores. É preciso ter a comparação. A comparação da história de vida, a comparação dos compromissos e a comparação principalmente de quem já teve a chance de governar. Eles levaram o Amazonas para um desastre social. E isso quem diz não sou eu, mas o Censo de 2010 do IBGE, é o índice Pisa, é o resultado do Idebe, é o resultado do Enem, é nós sermos os campeões nacionais em casos de tuberculose. Não sou eu quem digo isso, quem diz são os índices nacionais. E nós temos muita convicção, temos muita segurança de que podemos representar a mudança que o Amazonas precisa.