Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – Um grupo de entidades médicas do Amazonas repudiou notícias sobre eutanásia nos hospitais de Manaus e classificou-as de levianas. Em nota divulgada na noite desta terça-feira, 26, os médicos afirmam que a grande quantidade de mortes na pandemia de Covid-19 foi provocada pela falta de insumos e despreparo da rede de saúde.
A nota não cita nomes, mas na tarde desta terça-feira, 26, o presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas, Mário Vianna, afirmou em vídeo divulgado nas redes sociais que “estão praticando eutanásia” na capital.
“Acabou de passar uma reportagem onde uma médica declara, claramente emocionada, que estão praticando eutanásia em Manaus. Se isso não for o fim do mundo, eu não sei o que será o fim do mundo”, disse Vianna. “Uma situação de medicina de guerra, aonde os profissionais estão admitindo que estão tendo que fazer procedimentos para abreviar a vida das pessoas”, afirmou.
Vianna não diz quem fez a afirmação ou onde supostamente o procedimento foi feito.
As entidades médicas afirmam que isso provoca mais sofrimento aos familiares de pacientes internados. “Tal iniciativa temerária e leviana traz ainda mais perturbações às famílias aflitas com seus entes queridos internados, além de mostrar absoluto despreparo e desconhecimento. Tais interlocutores não representam a opinião da classe médica e deveriam se retratar”, dizem na nota.
As entidades afirmam que os médicos são afetados por não conseguirem tratar todos os pacientes. “A ação dos médicos no trato com os pacientes e seus familiares nunca foi conduzida nesta linha que todos sabemos é proibida por lei. O que houve foram médicos e profissionais de saúde consternados, que rasgando sua própria carne quando tudo que desejavam era tratar e CURAR, puderam apenas ALIVIAR, e diante do inevitável lhes restou CONSOLAR aos que ficaram, quando na realidade eles mesmos é que necessitavam de consolo”, afirmam.
No Twitter, a juíza federal Jaiza Fraxe manifestou apoio à categoria. “Recebi um manifesto de médicos que explicam não terem cometido eutanásia. Muito importante termos empatia com a dor deles. Visitei todos os grandes hospitais e senti de perto o esforço de todos os profissionais de saúde para salvar vidas. Eles trabalham muito além dos limites”, escreveu.
Assinam a nota: Cooperclim, Icea, Itoam, Cardiobaby, SAPP, Igoam, Coopanest, Coopaneo, Coopati e COOAP.
Leia o posicionamento das entidades completo:
“Os médicos do Amazonas vêm a público novamente manter o diálogo com a população. Na cidade de Manaus, seguimos atravessando período de muita tristeza, o qual certamente nenhum de nós imaginava viver. Neste cenário cabe a nós jogar a LUZ onde ela é necessária e jogar para as sombras comentários duvidosos, despreparados e perigosos.
Profissionais de Saúde em diversas partes da cidade, e quiçá de todo o Estado do Amazonas, mesmo diante da angústia de não dispor dos meios e recursos necessários para tratar seus pacientes, entregaram o que podiam oferecer: Dignidade.
A frase atribuída a Hipócrates, “CURAR QUANDO POSSÍVEL, ALIVIAR QUANDO NECESSÁRIO, CONSOLAR SEMPRE”, se apresenta mais atual do que nunca diante do cenário devastador em que nos encontramos.
Nesta semana acompanhamos serem veiculados na mídia e compartilhados inúmeras vezes postagens e texto e vídeo sugerindo que nesta cidade se deram casos de eutanásia. Tal iniciativa temerária e leviana traz ainda mais perturbações às famílias aflitas com seus entes queridos internados, além de mostrar absoluto despreparo e desconhecimento. Tais interlocutores não representam a opinião da classe médica e deveriam se retratar.
Nenhuma vida foi abreviada intencionalmente pelas equipes de saúde, e sim pela ausência de insumos e condições de um sistema de saúde que não estava preparado para o enfrentamento de uma pandemia dessa proporção.
A ação dos médicos no trato com os pacientes e seus familiares nunca foi conduzida nesta linha que todos sabemos é proibida por lei. O que houve foram médicos e profissionais de saúde consternados, que rasgando sua própria carne quando tudo que desejavam era tratar e CURAR, puderam apenas ALIVIAR, e diante do inevitável lhes restou CONSOLAR aos que ficaram, quando na realidade eles mesmos é que necessitavam de consolo.
Lamentamos profundamente e repudiamos qualquer manifestação que impute tais atos a uma classe que trata seus pacientes enquanto também sangra ao seu lado, adoecendo, perdendo amigos e familiares. E assim continuará. Até que se vença esta crise.”
Cooperclim
Icea
Itoam
Cardiobaby
SAPP
Igoam
Coopanest
Coopaneo
Coopati
COOAP