Um dia após a Apeam (Associação de Praças do Estado do Amazonas) iniciar a “Operação e agora Jozé”, colocando o efetivo de soldados da Polícia Militar em marcha lenta no trabalho de segurança das ruas da capital e do interior, a ACS (Associação de Cabos e Soldados da PM-AM) emitiu “nota oficial” contra o movimento de paralização que chamou de “tiro no pé”, “desorganizado”, “ilegítimo” e “politiqueiro”, contradizendo a decisão das duas entidades no último dia 6 de abril, quando aprovaram em Assembleia Geral o indicativo de greve.
“Considerando que o movimento de paralisação grevista é um ato extremo e final contra uma negativa irremediável. (…) Considerando que o governo atenderá esses direitos legalmente após o mês de setembro. (…) Considerando que o contexto para o ato, bem como suas motivações não são consensual entre a tropa e que um ato desorganizado, ilegítimo, motivado por interesses politiqueiros e sem adesão da maioria seria um tiro no pé”, a associação de Cabos e Soldados, “decidiu em não participar de nenhum momento de paralisação”, escreveu o presidente da Associação de Cabos e Soldados, cabo Igo Silva, dando sinal de que estão mais alinhados ao governo.
No documento o presidente da ACS diz ainda que a Associação impetrará mandado de segurança no Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) para forçar o governador José Melo a cumprir o que determina a Lei de Carreira 4004/14, e promover os 2.284 policiais e bombeiros além do pagamento da data-base da categoria. Diz ainda que irá cobrar dos deputados estaduais Platiny Soares (PV) e Cabo Maciel (PR) “medidas enérgicas e favoráveis aos interesses da tropa que os elegeu” para a Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM).
Em seu perfil de Facebook, o CB Igo Silva afirma que “se a tropa desejar paralisar, acreditando ser esse o melhor caminho para alcançar seus objetivos, eu asseguro que a ACS se prontificará a favor e não medirá esforços em prol da causa”, mas adverte “se realmente é necessário correr o risco desse sacrifício por conta própria”, uma vez que a tropa possui representantes na ALE-AM.
Entenda a greve
Na última quarta-feira, 13, o presidente da Apeam, soldado Gerson Feitoza, afirmou que não havia mais diálogo com o governo do Estado e a única alternativa dos policiais seria o movimento de greve. “Foi decidido este ato devido o governo ter se negado a aceitar a proposta do nosso representante Platiny Soares, onde seria suspensa uma das gratificações para custeio das promoções dos nossos irmãos de farda”, finalizou Gerson Feitosa.
De acordo com a decisão da assembleia geral de 6 de abril dos policiais militares, eles abririam mão de receber a Gratificação de Trabalho Extra (GTE) para que o governo tivesse verba para promover os 2.284 policiais e bombeiros militares, que aguardam desde 21 de abril. “O valor das promoções não chega a R$ 2,8 milhões e o governo paga mais de R$ 3 milhões em GTE. Nem cortando na nossa carne o governador aceitou nossa proposta”, afirmou Gerson Feitoza, na semana passada em entrevistas à imprensa.
Dadas as negativas do governador José Melo em dialogar com os profissionais da segurança, os policiais e bombeiros militares estão atuando desde a a última sexta-feira, 15, apenas em chamados de urgência pelo 190 e fazendo ronda com viatura a 40 km/h, na chamada “operação tartaruga”.
Eleições 2016
Nos bastidores das casernas a crise entre os presidentes das entidades de classe dos policiais é motivada pela aproximação das eleições municipais de 2016 onde todos querem lançar candidato a vereador, numa tentativa de igualar a eleição do ex-soldado PM Platiny Soares ao cargo de deputado estadual.
A polarização da disputa está entre Gerson Feitoza (da Apeam) e Igo Silva (da ACS), e na cola dos dois aparecem os nomes do Sargento Pereirinha, da Associação de Sargentos e Subtenentes da PM, e do presidente do Sindicato dos Funcionários da Polícia Civil do Estado do Amazonas (Sinpol), Moarcir Maia.
Nenhum deles deu declarações oficiais de que irão disputar uma vaga na Câmara Municipal de Manaus (CMM), mas trabalham nos bastidores para viabilizar as candidaturas.
Eis a nota divulgada pela ACS