EDITORIAL
MANAUS – Desde 2019, os governos federal, estaduais e municipais apertam a corda colocada no pescoço da população sob a alegação de uma crise financeira que até agora não se confirmou na prática. Apenas os trabalhadores empregados e autônomos viram sua renda despencar enquanto o dragão da inflação dá baforadas de fogo.
No primeiro ano dos governos que ganharam as eleições em 2018, a principal medida adotada pelos gestores foi o congelamento de salários dos servidores públicos. Essa medida também encorajou empresas a segurarem o reajuste de salário, apoiadas no cenário crescente de desemprego.
Em 2020, a situação ficou ainda mais dramática, com a chegada da pandemia de Covid-19. Indústria, comércio e serviços tiveram que enfrentar o isolamento social voluntária ou forçadamente nos municípios e estados em que as autoridades decretaram a suspensão de atividades que geravam aglomeração ou não guardavam o distanciamento entre as pessoas.
Essas medidas de prevenção à Covid-19 não apenas geraram desemprego como também a redução de salários dos trabalhadores que conseguiram se manter empregados. As empresas também foram impactadas, com a redução de lucros; muitas fecharam as portas.
Contrariamente, os governos não se deram tão mal. A arrecadação federal, em 2020, teve queda de 7%, mas vem se recuperando bem neste ano. No mês passado, o volume arrecadado pela União foi de R$ 171,270 bilhões, o melhor resultado para o mês de julho desde 1995, com crescimento real de 35,47%.
No acumulado do ano (janeiro a julho), o governo federal arrecadou R$ 1,053 bilhão, alta de 26,11% acima da inflação, comparado ao mesmo período de 2020.
No Amazonas, a arrecadação estadual foi muito mais generosa. Em 2019, a previsão era arrecadar R$ 17,2 bilhões e o governo estadual arrecadou R$ 19,8 bilhões.
Em 2020, o orçamento do Estado previa receita de R$ 18,6 bilhões e arrecadou R$ 22,7 bilhões. Neste ano, faltando mais de quatro meses para o fim do exercício, o Amazonas já arrecadou 80% do que prevê o orçamento de 2021, com receitas recordes mês a mês.
Como se vê, a crise chegou muito forte, principalmente, para a população de baixa renda, com o aumento da miséria, da pobreza e da fome. Enquanto isso, os governos surfam na arrecadação, sem fazer qualquer sacrifício.