
Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS — O juiz Luís Alberto Nascimento Albuquerque, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Manaus, ordenou que seja marcada a audiência de instrução e julgamento do engenheiro mecânico Fábio da Silva Moreira. Ele dirigia o carro que trafegou na contramão e atingiu o mototaxista Irivaldo Silva da Conceição, que morreu na hora, no dia 8 de abril de 2024, em Manaus.
O acidente ocorreu por volta de 5h15 no Viaduto Plínio Ramos Coelho, mais conhecido como viaduto de Flores, nas proximidades da Rodoviária de Manaus. Fábio invadiu a contramão, subiu o viaduto em direção à zona norte e atingiu em cheio a motocicleta conduzida por Irivaldo, que levava a esposa, Cinthia Gonçalves Melo, para o trabalho.
Com o impacto, a motocicleta e a parte dianteira do carro ficaram completamente destruídos. O mototaxista morreu no momento do acidente e o corpo dele foi parar em cima do para-brisa do carro — cena testemunhada por inúmeras pessoas que passavam pelo local, um dos mais movimentados de Manaus.
Cinthia foi arremessada por alguns metros e teve as pernas quebradas. Ela foi levada para o Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto, na zona centro-sul de Manaus, onde ficou internada por 23 dias.
Fábio foi levado para o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) para ser submetido ao teste do bafômetro, mas se recusou a fazer o exame. Depois, ele foi levado para a Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros, onde foi autuado em flagrante por homicídio culposo e lesão corporal culposa no trânsito. Ele foi solto após pagar fiança de R$ 14,1 mil.
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No fim de abril de 2024, a Polícia Civil do Amazonas autuou Fábio por homicídio culposo e lesão corporal culposa no trânsito. O processo, no entanto, ficou paralisado por muito tempo — entrou na lista de paralisados há mais de 100 dias — em razão da falta de laudos periciais.
O laudo toxicológico sobre as amostras de sangue de Fábio (que foi feito 17 dias após o acidente e que concluiu negativo para álcool e cocaína) e o laudo do exame de corpo de delito de Cinthia (que foi feito em abril deste ano) só foram apresentados pelo delegado no processo em maio deste ano.
Com base nas provas colhidas pela polícia, o MP-AM (Ministério Público do Amazonas) apresentou, em julho deste ano, um ano e três meses após o acidente, a denúncia contra Fábio, que atualmente mora em Altamira (PA).
A promotora de Justiça Rogeanne Oliveira Gomes Da Silva e Cavalcanti atribuiu ao homem os crimes de homicídio culposo na direção de veículo (contra Irivaldo) e de lesão corporal culposa (contra Cinthia). Segundo a denúncia, o homem conduzia o carro embriagado, o que torna o caso mais grave.
A condição de embriaguez alcoólica, segundo a promotora, foi relatada por testemunhas, que disseram que ele “apresentava sinais de que estava sob efeito de substancia alcoólica andava sem equilíbrio, sonolência e dificuldades ao falar”.
A denúncia foi recebida por Luís Nascimento Albuquerque no mês passado. Na última terça-feira (23), o magistrado ordenou que seja marcada a audiência de instrução e julgamento, onde o juiz ouvirá testemunhas e interrogará Fábio.
“Determino o prosseguimento do feito com a designação de data para a realização da audiência de instrução e julgamento em relação ao acusado Fábio da Silva Moreira”, diz a decisão.