Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – Preso em flagrante pela morte do mototaxista Irivaldo Silva da Conceição, de 36 anos, em acidente de trânsito em Manaus na segunda-feira (8), o engenheiro mecânico Fábio da Silva Moreira, de 39 anos, afirmou à polícia que tem enfrentado uma rotina “pesada” de trabalho e que isso o deixou cansado. Ele negou que tenha consumido bebida alcóolica.
“[Fábio] informa que sua carga horária na empresa está muito pesada, pois está trabalhando de domingo a domingo na referida empresa e isso se torna cansativo. Perguntado se ingeriu bebida alcoólica antes do fato delituoso, respondeu negativamente”, diz trecho do documento que registrou o interrogatório de Fábio na delegacia.
Apesar de ter negado o consumo de álcool, policiais que atenderam a ocorrência afirmaram que Fábio estava “visivelmente embriagado” e que encontraram no porta-malas do carro dele uma caixa térmica com uma garrafa de cerveja dentro e cigarros espalhados no banco do passageiro. Fábio também se recusou a fazer o teste do bafômetro.
O acidente ocorreu na madrugada de segunda-feira no Complexo Viário Governador Plínio Ramos Coelho (viaduto de Flores), zona centro-sul de Manaus. Fábio invadiu a contramão, subiu o viaduto em direção à zona norte e atingiu em cheio a motocicleta conduzida por Irivaldo, que transportava Cinthia Gonçalves Melo, de 49 anos.
Com o impacto, a motocicleta e a parte dianteira do veículo ficaram completamente destruídos. O mototaxista morreu no momento do acidente e o corpo dele foi parar em cima do para-brisa do carro. Cinthia foi arremessada por alguns metros e teve as pernas quebradas. Ela foi levada para o Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto, na zona centro-sul de Manaus.
Fábio foi levado para o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) para ser submetido ao teste do bafômetro, mas se recusou a fazer o exame. Depois, ele foi levado para a Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros, onde foi autuado em flagrante por homicídio culposo e lesão corporal culposa no trânsito.
Na delegacia, o engenheiro afirmou que mora em Altamira, no Pará, e que estava na capital amazonense há 30 dias para fazer a manutenção de uma usina termelétrica no bairro Aparecida, na zona sul. Ele disse que não conhece as vias de Manaus e que, por isso, usa o aplicativo Waze e que o carro que ele conduzia era alugado pela empresa na qual trabalha.
O delegado Gerson Oliveira, da Delegacia de Homicídios, disse que uma testemunha relatou que Fábio tentou pagar R$ 10 mil para fugir, mas foi impedido por mototaxistas. “[A testemunha relatou que] no momento da fuga, o autor teria oferecido a ela [testemunha] os R$ 10 mil, segundo ele nos relata, para permitir que ele fugisse, mas ele não aceitou”, afirmou o delegado.
Fábio foi questionado sobre essas informações e negou. “Perguntado se tentou fugir logo após o acidente de trânsito, respondeu negativamente; Perguntado se ofereceu dinheiro para as testemunhas que estavam no local do acidente para ser liberado do flagrante, respondeu ‘de forma alguma'”, diz outro trecho do registro policial.
Nesta terça-feira (9), a defesa de Fábio pediu a liberdade provisória dele, com ou sem pagamento de fiança. A advogada Priscila Mouzinho alegou que o homem tem “ocupação lícita”, endereço conhecido, “não integra qualquer organização criminosa, não se dedica a atividades criminosas, é trabalhador e nunca respondeu a processos criminais”.
A defesa do motorista também afirmou que ele está “totalmente inconformado com tamanha fatalidade, porém, acrescenta que é trabalhador, está a serviço e vem enfrentando uma carga horária superior as suas condições de trabalho, ou seja, de domingo a domingo, exerce uma função de supervisor dentro da empresa Usina Termelétrica o Bairro Aparecida”.