Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – Caso não recebam o pagamento referente a maio de 2019, 17 empresas médicas ameaçam paralisar os serviços prestados nos hospitais públicos do Amazonas. “Então no dia 31, isso já está de acordo, se não recebermos, haverá paralisação, sim”, disse Patricia Sicchar, presidente em exercício do Simeam (Sindicato dos Médicos do Amazonas), em entrevista no CRM (Conselho Regional de Medicina), na tarde desta sexta-feira, 19.
Segundo o economista Inaldo Seixas, que atua junto aos médicos, as finanças do Estado mostram que há dinheiro disponível para pagar as empresas. “Então, até 17 de julho nós temos empenhados como despesas totais do governo do estado do Amazonas R$ 9,508 bilhões. Então, vamos agora ver as receitas para pagar todas essas despesas. Então, olhando as receitas, tanto as correntes como as de capital, somam um total nesse mesmo período de janeiro até 17 de julho de R$ 9,599 bilhões. Então, fazendo uma conta básica, receitas menos despesas nós temos um positivo de R$ 90,5 milhões”, explicou Seixas, que afirma ter usado como fonte o Portal da Transparência.
“Já foram pagos R$ 606 milhões até 17 de julho referentes a exercícios anteriores, tanto de despesas de pessoal como de outras despesas correntes que entram todo tipo de contrato. Então, é de estranhar que esses R$ 606 milhões não foi nem um pouquinho para as empresas médicas”, disse o economista.
Entretanto, em matéria do ATUAL, dados do Portal da Transparência mostram que neste ano, o Governo do Amazonas já pagou, em apenas quatro meses, R$ 203,8 milhões as 17 empresas médicas que atuam na rede estadual, valor atualizado nesta quarta-feira, 17, com base no Portal. O montante é equivalente ao salário de dois meses e meio dos 21.234 servidores da própria Secretaria de Saúde (Susam), cuja folha mensal é R$ 85,3 milhões.
De acordo com José Francisco, presidente do Icea (Instituto de Cirurgia do Estado do Amazonas) são dois mil trabalhadores nessas cooperativas prejudicados pelos atrasos informados pelos representantes da categoria.
Ainda segundo ele, as empresas não se manifestaram nas gestões anteriores porque conseguiam acordos. “Na realidade, todos os outros governos que passaram conseguiam de alguma forma negociar diretamente conosco, abria um canal de comunicação e a gente conseguia se entender”, afirmou.
Outro Lado
Em nota, a Susam (Secretaria de Saúde do Amazonas) informa que lamenta a posição dos profissionais e diz não haver razão para a ameaça uma vez que vem mantendo a regularidade no pagamento do ano corrente e o diálogo com empresas e cooperativas médicas que prestam serviços na rede estadual de Saúde. Conforme a nota, somente esse ano já foram pagos R$ 203,8 milhões para 17 empresas, sendo parte dos pagamentos dívidas do ano passado.
No comunicado, a Susam afirma ainda que na última reunião, realizada na sexta-feira, 12, na Sefaz (Secretaria da Fazenda), as empresas não cogitaram qualquer movimento que viesse a comprometer o atendimento à população.