Da Folhapress
BRASÍLIA – Em depoimento à CPI da Covid, o empresário Airton Soligo, conhecido como Airton Cascavel, afirmou que atuou de maneira informal no Ministério da Saúde, sem ser efetivamente nomeado, pois a pandemia do novo coronavírus atrasou o procedimento.
Um dos pontos polêmicos envolvendo sua atuação, e que inclusive é alvo de investigação no Ministério Público, é o fato de Cascavel ter atuado no enfrentamento à pandemia sem nenhum vínculo com a pasta. Ele era apontado como braço-direito do ex-ministro Eduardo Pazuello e chegou a ser definido por interlocutores como “ministro de fato”.
Ele disse que se aproximou do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, durante a Operação Acolhida, projeto do governo brasileiro de apoio a imigrantes venezuelanos, em Roraima.
Durante esse período de informalidade, ele atuou na interlocução com estados e municípios, negociando o envio de insumos e equipamentos, em alguns dos momentos mais delicados da pandemia. Cascavel disse que as pessoas exageram o seu papel naquele momento, em relação à interlocução. Afirmou que apenas ajudou na desburocratização, em um momento de grande necessidade.
“Não assinei nada nesse momento. Eu era o interlocutor, mas era o momento para isso atuar, por conta da gravidade da pandemia”, afirmou.
“Se tiver que responder pela minha atuação, eu tenho a dizer que não fui omisso. Eu fiz a minha parte”, disse.
Cascavel afirmou que sua nomeação atrasou porque era necessária a desvinculação de sua empresa, mas os cartórios estavam fechados por causa da pandemia. Ele foi inicialmente convidado a atuar nos primeiros dias de maio e sua nomeação apenas aconteceu em 24 de junho.
“Vim pensando em ficar 10 dias naquela condição (ajudar na interlocução política). Mas fui convidado pelo ministro (Nelson) Teich para ser seu assessor especial. Dois, três dias depois, o ministro Teich pediu demissão. Aquele pedido já não existia mais”, afirmou.
Ele disse que voltou a ser convidado efetivamente pelo ministro seguinte, Pazuello, quando houve o problema com a falta de documentação.
“Nos meus documentos, quando entreguei, faltava a desvinculação da pequena empresa que tenho”, disse, acrescentando o problema de os cartórios estarem fechado.
Em uma forma de tentar se desvincular politicamente do governo, o empresário disse que o melhor ministro da Saúde, em sua opinião, foi o atual senador José Serra (PSDB-SP).
O relator Renan Calheiros (MDB-AL) questionou o fato de a Casa Civil ter inicialmente apresentado resistência ao seu nome, por conta de processos que ele responderia. Cascavel respondeu afirmando que eram processos eleitorais apenas e que ele não tem condenações.