Do ATUAL
MANAUS – Em nota de repúdio, assinada por 23 parlamentares, deputados estaduais do Amazonas distorceram posicionamento da ministra Marina Silva (Meio Ambiente) sobre o asfaltamento de trecho da BR-319 (Manaus-Porto Velho/RO).
Marina Silva falou sobre a BR-319 para rebater a fala do senador Plínio Valério, que estendeu a ela a culpa pelas mortes por falta de oxigênio em Manaus, em 2021, durante a pandemia. Segundo o senador, um caminhão de oxigênio ficou atolado na estrada e “pessoas morreram” porque Marina Silva não quer o asfaltamento da rodovia federal.
Marina Silva questionou por que a rodovia não foi asfaltada durante os 15 anos em que ela esteve fora dos governos – Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro. Em seguida, ela mesma responde: “A estrada não foi feita porque é uma estrada difícil”.
Em seguida, Marina Silva explica a dificuldade: “O projeto tem que ser avaliado do ponto de vista econômico, do ponto de vista social e do ponto de vista ambiental”.
“A estrada não foi feita porque é uma estrada difícil de provar a viabilidade econômica. A viabilidade social, não tenho dúvida de que as pessoas querem ter o direito de ir e vir. Mas a viabilidade econômica e ambiental, a não ser que seja para converter as áreas de mais de 400 quilômetros de floresta virgem em outro tipo de atividade, não tem viabilidade”, afirmou a ministra.
Marina Silva afirmou que socialmente é compreensível a viabilidade da estrada, mas “ambientalmente e economicamente, não se faz uma estrada de 400 quilômetros no meio de floresta virgem apenas para passear de carro, se não tiver associado a um projeto produtivo”.
Ao contrário do que alegam os parlamentares, Marina Silva não disse ser contra a recuperação do Trecho do Meio da rodovia. Segundo a ministra, a viabilidade da estrada envolve questões ambientais e econômicas que precisam ser comprovadas. Para isso, a ministra informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encomendou um estudo sobre a viabilidade da estrada.
Marina Silva também não se mostrou intransigente, como afirma os deputados. A ministra argumentou que a viabilidade econômica da rodovia precisa ser atestada ao fazer analogia sobre apenas “passear de carro”.
“Nos causa indignação a fala da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Nós queremos a BR-319 em condições de trafegabilidade não para passear, como ela fez questão de reduzir o nosso pleito. Nós queremos a BR-319 porque enxergamos nela uma oportunidade real e viável de prosperidade econômica e social para o nosso Estado”, disse Roberto Cidade, presidente da Assembleia Legislativa.
“Mais uma vez eu e os demais deputados estaduais do Amazonas repudiamos a falta de compromisso da ministra Marina com o povo do Norte, do qual ela também faz parte. No entanto, faz questão de virar as costas. O Norte, o Amazonas e os amazônidas merecem respeito”, acrescentou Cidade.
Leia a nota da ALE-AM na íntegra.
“A Assembleia Legislativa do Amazonas, em nome de seus 24 deputados estaduais, repudia, veementemente, o posicionamento da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que durante seu depoimento na CPI das ONGs, no Senado Federal, mais uma vez, se mostrou intransigente e contrária à recuperação da rodovia BR-319.
A ministra não consegue reconhecer a importância social e econômica da estrada, fundamental para tirar o Amazonas do isolamento rodoviário, reduzindo o principal pleito de todos os amazonenses a uma ‘vontade de passear de carro’.
Esta Casa já emitiu uma Moção de Repúdio contra tal intransigência, anteriormente, e continuará sempre se posicionando todas as vezes em que nosso Estado for prejudicado”.