Do ATUAL
MANAUS – A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, rebateu o senador Plínio Valério (PSDB-AM), presidente da CPI das ONGs, que insinuou que ela era responsável por impedir o asfaltamento de trecho da rodovia BR-319 (Manaus-Porto Velho/RO) e inviabilizar o abastecimento de oxigênio em Manaus durante a pandemia de Covid-19.
Na sessão da CPI na segunda-feira (27), Plínio exibiu um vídeo de um caminhão-tanque que, segundo ele, trazia oxigênio para Manaus e ficou retido no atoleiro da BR-319. “O oxigênio salvaria milhares de pessoas, mas não salvou”, disse o senador.
“Ministra, eu queria perguntar: vale a pena salvar a humanidade do futuro e condenando essa gente aí [do presente] à morte?”, indagou o senador.
Marina Silva confrontou o senador. Afirmou que não admitiria que fosse atribuída a ela culpa pelas mortes ocorridas em Manaus em janeiro de 2021. A tragédia – com maior número de mortes no dia 14 -, segundo a ministra, foi pela “incapacidade de lidar com a saúde pública e não pela ausência do asfaltamento da BR” e que não aceitava ser responsabilizada pelas mortes.
“Vossa excelência imputa a mim não ter feito a estrada. Eu saí do Ministério do Meio Ambiente em 2008. Eu estou voltando para no ministério em 2023, portanto, 15 anos depois. Por que não fizeram a estrada?”, perguntou a ministra.
O senador não retrucou.
Marina afirmou que no último ano de mandato [2022] o então presidente Jair Bolsonaro (PL) autorizou a licença prévia para a recuperação do Trecho do Meio da BR-319, mas que “até hoje, não houve pedido de licença de instalação” e não cabe a ela essa função e sim ao Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).
“O estado do Amazonas teve ministro do Transporte (Alfredo Nascimento), tem senadores, deputados federais, teve até um vice-presidente [da República – Hamilton Mourão, que é gaúcho], e durante esses 15 anos essa estrada não foi feita”, retrucou.
Plínio Valério disse que não atribuiu à ministra responsabilidade pelas mortes por falta de oxigênio, mas não insistiu no assunto.