Da Redação
MANAUS – Em livro escrito pelo papa emérito Bento 16 e pelo cardeal Robert Sarah, o papa emérito defende a permanência do celibato para sacerdotes. Ele remonta às raízes hebraicas do cristianismo, e afirma que o sacerdócio e o celibato estão unidos desde o início da nova aliança de Deus com a humanidade, estabelecida por Jesus.
“Na Igreja antiga, isto é, no primeiro milênio, os homens casados podiam receber o sacramento da ordem somente se estivessem comprometidos a respeitar a abstinência sexual”, diz Bento 16.
Em outro trecho, o prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, o cardeal implora ao papa Francisco que vete a possibilidade da igreja Católica permitir casamento para sacerdotes.
“Suplico ao Papa Francisco que nos proteja definitivamente de tal eventualidade, vetando qualquer enfraquecimento da lei do celibato sacerdotal, mesmo limitado a uma ou outra região”, diz Sarah em trecho do livro.
A discussão sobre o casamento para padres ganhou força com a realização do Sínodo para a Amazônia, que aconteceu no Vaticano em outubro de 2019 e reuniu especialistas, religiosos e representantes de comunidades católicas da Amazônia.
No documento final, os bispos pediam a ordenação de sacerdotes diáconos permanentes casados. Na ocasião, Francisco lembou as quatro dimensões do Sínodo: aquela relativa à inculturação, à ecologia, ao social e, por fim, a dimensão pastoral, que inclui todas as outras. Neste mesmo discurso, o Pontífice falou da criatividade nos novos ministérios e do papel da mulher e, referindo-se à escassez de clero em algumas regiões de missão, recordou que existem muitos sacerdotes que foram ao primeiro mundo – Estados Unidos e Europa – “e deste país não há nenhum para enviar para a região amazônica.
As críticas a Francisco são principalmente de cardeais americanos. Em abril de 2019, um grupo de sacerdotes e teólogos acusaram Francisco de heresia em uma carta aberta ao Colégio dos Bispos da Igreja Católica publicada no site conservador LifeSiteNews.
Francisco já havia dito que é favorável à manutenção do celibato “com todos os prós e os contra que comporta, porque são dez séculos de experiências mais positivas do que de erros. A tradição tem um peso e uma validade”, mas também lembra que na Igreja católica oriental era possível a opção celibatária ou matrimonial antes do diaconato.
“Vem-me à mente aquela frase de São Paulo VI: ‘Prefiro dar a vida antes que mudar a lei do celibato’. Veio-me à mente e quero dizê-la, porque é uma frase corajosa, num momento mais difícil do que o atual (nos anos ‘68/’70). Pessoalmente, penso que o celibato é uma dádiva para a Igreja. (…) Não estou de acordo com permitir o celibato opcional
Francisco diz que o celibato não é opcional antes do diaconato. “É uma coisa minha, pessoal… Eu não o farei: isto fique claro. Sou fechado? Talvez. Mas não me sinto, diante de Deus, de tomar tal decisão”, disse papa Francisco.