Da Redação
MANAUS – Familiares de Alex Júlio Roque de Melo, Weverton Marinho, e Rita de Cássia, entraram na Justiça contra o Estado do Amazonas solicitando indenização e pensão mensal pelo desaparecimento dos jovens, que completará 5 anos no dia 30 de outubro. Os dois rapazes tinham 20 anos à época e a garota, 19 anos.
O advogado Avanilson Alves Araújo, que representa as famílias, ajuizou ação de indenização no valor de R$ 1 milhão para cada família dos desaparecidos. Na ação, o advogado pede também pensão de 1,5 salário mínimo (R$ 1.650,00) até que os jovens completassem 65 anos, idade economicamente ativa.
“Pesquisas de casos similares, parecidos, nos deram esse parâmetro. Mas é uma sugestão e não um valor exato, porque quem determina o valor é o juiz”, explicou Avanilson.
Um dos jovens trabalhava de carteira assinada e ganhava um salário mínimo e meio, o que determinou o segundo pedido de pensão mensal. De acordo com o advogado, os pedidos foram solicitados agora em razão da necessidade da materialidade do sumiço dos jovens e indícios de autoria por policiais militares a serviço do Estado.
O advogado também impetrou ação para que seja declarada a morte presumida dos jovens, que nunca foram encontrados. Eles desapareceram após serem abordados por policiais militares no bairro Grande Vitória, na zona leste de Manaus.
“Já há pronunciamento para que os oito policiais envolvidos sejam levados a Júri Popular. A primeira sentença demonstra que teve indício de autoria suficiente, e mesmo os corpos não tendo sido encontrados, houve prova indireta do desaparecimento”, explicou.
Avanilson Araújo considera as ações “importantes para levar adiante a a exigência dos familiares para que haja punição dos policiais, para que o processo do Tribunal do Júri seja encaminhado o mais rápido possível e que, além da indenização financeira, aconteça a retratação pública do Estado”.
Histórico
Em 30 de outubro de 2016 os três jovens foram abordados por policiais militar no bairro Grande Vitória e não foram mais vistos. Familiares e vizinhos apuraram por conta própria o sumiço e reuniram vídeos que comprovaram a abordagem policial.
O sumiço ocorreu em um sábado. Weverton e Cássia estavam em uma festa e Alex foi buscar os amigos com a moto de Weverton. Na volta, os jovens foram parados por uma viatura, e a abordagem durou cerca de 40 minutos até a chegada de outro veículo.
“A segunda viatura chega e é quando, nas imagens, é possível ver Weverton sendo agredido. Os policiais jogam o capacete no chão, batem, e depois colocam os três nesta segunda viatura”, relembra Arlete Roque, mãe de Alex.
Os oito policiais envolvidos foram presos, mas ganharam liberdade provisória após 1 ano e 4 meses e aguardam julgamento.