Do ATUAL
MANAUS – Vinte e cinco mil filhotes de tartarugas, tracajás e iaçás foram devolvidos à natureza no município de Carauari (a 788 quilômetros de Manaus) no dia 17 de novembro. Com a ação, a quantidade de filhotes soltos na região chega a 280 mil neste ano.
A soltura consiste em deixar os filhos na praia para que cheguem por conta própria ao rio. É uma corrida pela vida. A liberação ocorreu na comunidade do Xibauá com a Gincana Ecológica do Médio Juruá, atividade do programa de monitoramento de quelônios realizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Uacari e na Reserva Extrativista (Resex).
De acordo com o gestor da RDS Uacari, Gilberto Olavo, o número de filhotes devolvidos cresce a cada ano. “Em 2010 tínhamos 12 tabuleiros e 35 monitores, resultando em 120 mil filhotes devolvidos à natureza. Já em 2022, com 19 tabuleiros e 51 monitores, saltamos para 280 mil filhotes. Estes são indicativos de que estamos no rumo certo na conservação da biodiversidade. As comunidades estão mais participativas e fortalecidas nesse trabalho da sustentabilidade”, afirmou.
Monitoramento
O trabalho começa entre os meses de junho e setembro quando as fêmeas começam a desovar às margens do rio Juruá. Todo esse período é acompanhado pelos comunitários e por 51 monitores que fazem a contagem das covas e dos ovos, além da vigilância dos tabuleiros instalados nas praias, campinas e barrancos da região.
Os tabuleiros são espalhados pelas duas unidades de conservação, sendo 14 na RDS Uacari, de gestão da Sema, e cinco na Resex, de gestão do governo federal, por meio do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).
Boa parte dos ovos eclodem naturalmente nos lugares onde foram depositados pelas fêmeas. Já os ovos encontrados em locais de vulnerabilidade são coletados e transferidos para uma espécie de berçário, que imita as condições encontradas no habitat natural desses animais, onde permanecem seguros até o período de eclosão.
Quando esses filhotes nascem, eles são realocados em tanques até atingirem tamanho ideal para a última etapa do processo, quando finalmente são soltos com segurança na natureza.
O Médio Juruá lidera a criação experimental de quelônios, atividade licenciada pelo Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas). O objetivo é desenvolver uma nova cadeia produtiva sustentável na região, promovendo renda para as comunidades a partir do manejo sustentável.
A atividade recebe o apoio da Associação dos Produtores Rurais de Carauari (Asproc), do Instituto Juruá, do Projeto Pé-de-pincha da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e da Prefeitura de Carauari.