Do ATUAL
MANAUS – Em clima de revanche, a eleição deste domingo (2) coloca frente a frente os dois principais adversários do pleito de 2018: Wilson Lima (União Brasil), que disputa a reeleição, e Amazonino Mendes (Cidadania), que teve quatro mandatos de governador e quer o quinto. As últimas sondagens eleitorais os apontam como favoritos nesta eleição.
A disputa tem, ainda, nomes conhecidos como o senador Eduardo Braga (MDB), o deputado estadual Ricardo Nicolau (Solidariedade) e o ex vice-governador Henrique Oliveira (Podemos). E candidatos que concorrem pela primeira vez, como é o caso da defensora pública Carol Braz (PDT), da empresária Nair Blair (Agir) e do médico indígena Israel Tuyuka (PSOL).
Quem vencer a eleição terá a missão de resolver gargalos do estado que existem há mais de 20 anos, principalmente nas áreas da saúde, segurança pública e educação, com um orçamento que deve ultrapassar os R$ 120 bilhões em quatro anos, considerando a receita do estado em 2021 (R$ 25,5 bilhões), a previsão para 2022 (R$ 24 bilhões) e a estimativa para 2023 (R$ 26,7 milhões).
A bronca
Apresentador de programa televisivo, Wilson Lima, de 46 anos, paraense, natural de Santarém, foi eleito governador do Amazonas em 2018 ainda inexperiente – ele não havia ocupado nenhum cargo eletivo. O dono do bordão “A bronca é comigo” venceu o pleito se apresentando como o “novo”, aquele que iria lutar contra os “caciques” da chamada “velha política”.
Wilson teve um mandato conturbado, enfrentando greves de servidores, processo de impeachment na Assembleia Legislativa do Amazonas e a pandemia de Covid-19. Agora conhecido, o jornalista acumula experiências positivas e negativas, assim como seus principais adversários, que serão julgadas pelo eleitor neste domingo.
“Experiência”
Amazonino Mendes, de 81 anos, nascido em Eirunepé, no sudoeste do Amazonas, disputa eleição pela terceira vez após o pleito suplementar de 2017, no qual foi campeão para um mandato tampão. Em 2018, o experiente político amazonense não alcançou a reeleição – foi derrotado pelo “novato” Wilson Lima no segundo turno.
Na eleição de 2020, o eirunepeense também tentou retornar à Prefeitura de Manaus, que já comandou por três mandatos. Com apoio de Eduardo Braga, hoje seu adversário, Amazonino ficou em primeiro lugar no primeiro turno, com uma diferença de 15.159 votos em relação ao segundo colocado, o atual prefeito David Almeida, mas foi derrotado no segundo turno.
Terceira tentativa
Eduardo Braga, de 61 anos, paraense, natural de Belém, tenta voltar à cadeira de governador do Amazonas pela terceira vez, após duas derrotas na urnas. Ele foi eleito pela primeira vez neste cargo em 2002 e reeleito em 2006. Em 2010, o emedebista renunciou para se candidatar a senador e venceu o pleito, permanecendo no Congresso Nacional por oito anos.
Mesmo com o cargo de parlamentar, Braga tentou voltar ao governo em 2014, mas foi derrotado pelo ex-governador José Melo (Pros), seu ex-aliado, que depois foi cassado por compra de votos naquela eleição. Em 2017, em eleição suplementar, o emedebista se candidatou ao cargo, mas foi derrotado nas urnas pelo ex-governador Amazonino Mendes.
Na última eleição, o emedebista descartou apoio a candidatos ao governo e se dedicou a sua reeleição ao Senado, pois seu mandato estava prestes a acabar. Ele conseguiu permanecer no cargo em uma briga acirrada pelo segundo lugar com o ex-deputado estadual Luiz Castro (PDT). A primeira vaga ficou com Plínio Valério (PSDB). O mandato de Braga no Senado termina em 2026.
“Alternativa”
A eleição deste ano também traz candidatos que se apresentam como alternativa à “velha política”. Ricardo Nicolau (Solidariedade), de 47 anos, que é deputado estadual, por exemplo, dispensou a briga pela reeleição para tentar chegar à cadeira de governador. Ele aparece em quarto lugar nas últimas sondagens eleitorais, se aproximando de Braga e Amazonino.
Carol Braz (PDT), de 42 anos, que já foi secretária de Sejusc (Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania) no governo Wilson Lima, quer voltar ao Poder Executivo, mas agora como chefe. Ex-juíza e defensora pública, a pedetista é candidata a cargo eletivo pela primeira vez. Ela aparece em quinto lugar nas pesquisas divulgadas nesta semana.
Ex-vice-governador do Amazonas no governo de José Melo, Henrique Oliveira (Podemos), de 61 anos, natural de Florianópolis (SC), também se apresenta como alternativa. Com a imagem arranhada por conta da cassação sofrida por acusação de compra de votos em 2014, Henrique quer recuperar a força política que o tornou o vereador de Manaus mais votado em 2008.
Conhecida como “pivô” da cassação de José Melo, a empresária Nair Blair, de 51 anos, que é natural de Manaus, afirma que quer mostrar “a verdadeira Nair”, após sofrer exposição midiática negativa em 2017. A candidata do Agir, no entanto, teve o registro de candidatura rejeitado pelo TRE-AM (Tribunal Regional Eleitoral), e disputa aguardando julgamento de recurso.
Israel Tuyuka, de 49 anos, nascido em São Gabriel da Cachoeira (AM), entrou na disputa pelo comando do Governo do Amazonas em meio a uma briga interna no PSOL que inviabilizou a candidatura de Marcelo Amil. O candidato, contudo, quer ter a chance de mudar o rumo do estado, e defende reforço nas fronteiras no Amazonas.