Da Redação
MANAUS – A professora Katia Schweickardt, ex-secretária municipal de Educação de Manaus, denunciou em carta compartilhada com outros docentes no Whatsapp ter sofrido racismo na internet. Ao ATUAL, a professora afirmou, nesta quarta-feira, que o ataque ocorreu após ser indicada para o cargo de pró-reitora de Gestão de Pessoas na Ufam (Universidade Federal do Amazonas) pelo reitor Sylvio Puga.
Segundo Katia, a manifestação racista ocorreu em vídeo divulgado no Facebook e enviado a ela por colegas. Nas imagens, uma pessoa critica a indicação ao cargo na Ufam referindo-se à professora pelo sobrenome do meio: “Serafina”. Ela diz que a declaração é ofensiva. Katia diz que “Serafina” era o nome da avó de seu pai, filha de uma escrava.
“Eu tenho cinco nomes, Katia Helena Serafina Cruz Schweickardt, por conta disso eu uso o primeiro e o último, todo mundo me conhece assim”, disse. “E aí ela (a pessoa – a ex-secretária não diz se é homem ou mulher), já não foi a primeira vez, desde 2017 já era assim, ela fez referência sobre a indicação da Serafina, e junto com a crítica ou por trás da crítica à escolha, por questões de discordância sobre gestão que ela tem comigo, ela fez uso desse nome que é um nome que está ligado à minha ancestralidade negra, porque essa minha bisavó era escrava”, afirmou.
Katia afirma que não se incomoda em ser criticada, pois isso faz parte da democracia, mas que o caso em questão desqualifica o debate. “Você pode discordar de uma série de coisas, tudo bem. Mas por que não foi: ‘olha, sobre a indicação da professora Dra Katia Schweickardt?’ Por que ‘a Serafina’? E por que só comigo? Foram indicadas várias outras pró-reitoras. A professora Angela Bulbol já foi secretária de Administração”, disse.
A professora diz que o texto foi uma forma de desabafo. “É como se estivesse me desqualificando. Primeiro, de tudo por ter essa origem por ser negra né? Aí eu fiquei muito ofendida, muito chateada. E resolvi que eu deveria às pessoas que confiam em mim e gostam de mim e do meu trabalho, meus colegas da universidade, que são pessoas que ficaram chocadas com isso, eu devia a eles essa explicação”, afirmou.
Katia diz que avalia se vai denunciar o caso. “Às vezes eu penso que sim, às vezes eu penso que não. Eu acho que eu fiz um acerto de contas com esse documento, sabe? Eu não sei não. Eu sou mais pela afirmação do trabalho, pela qualidade das entregas”, afirmou.
Confira a carta completa: