O embate eleitoral pelo governo do Amazonas potencializou uma disputa interna que vinha sendo alimentada nos órgãos da segurança pública do Estado há algum tempo. A mudança na estrutura da hierarquia da Polícia Militar, por exemplo, para viabilizar a instituição do programa Ronda no Bairro, há mais de dois anos, começou a corroer a disciplina e a criar dificuldades para os comandantes da corporação. O sinal mais evidente dessa tendência foi exposto durante a greve de praças realizada no fim de abril e que obrigou o governador José Melo a entrar em ação. Na ocasião, Melo desautorizou o secretário de Segurança Pública, coronel Paulo Roberto Vital, a negociar e a punir os grevistas, depois de Vital ter verbalizado à imprensa sua discordância do movimento. Como a lei e a ordem que regem a Polícia Militar não foram aplicadas, a frágil hierarquia começou a ruir. Nos meses seguintes, nos bastidores do comando da PM, os oficiais passaram a se digladiar e dividiram-se em dois grupos. Foi um prato cheio para os candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto. Hoje, tanto o governador José Melo quanto o senador Eduardo Braga alimentam a disputa interna, que resulta no pior estado de fragilidade já vivido pela segurança pública no Amazonas. O uso das polícias para fins eleitoreiros, no entanto, não será maléfico apenas durante a disputa eleitoral. Qualquer que seja o vencedor terá muita dificuldade para domar os derrotados.
A queda de Thomaz
A demissão do secretário executivo adjunto de Inteligência, Thomaz Vasconcelos, foi um golpe evidente do governador José Melo para tirar mais um aliado do senador Eduardo Braga da Secretaria de Segurança do Amazonas. Em mais de oito anos no comando da secretaria, nunca houve sinais de insatisfação do ex-governador Omar Aziz e nem de Melo ao trabalho de Vasconcelos, mas os boatos de que o Braga estaria por trás da onda de violência no Estado nos últimos dias obrigaram o governador a cortar mais um pescoço na cúpula da segurança pública.
A ação do MPE
No meio da celeuma produzida na campanha eleitoral em torno da segurança pública, eis que surge o Ministério Público Eleitoral e pede a cassação do registro de candidatura de José Melo sob a acusação de aparelhamento da Polícia Militar para fins eleitoreiros. A ação do MPE talvez não seja julgada até o dia 5 de outubro, mas vai incendiar o debate até o dia da eleição. É mais munição numa guerra que já se mostrava “sangrenta”.
“Chupa Dudu!”
Um vídeo que começou a circular nas redes sociais de um discurso do ex-governador Omar Aziz (PSD) irritou e provocou reação da militância virtual do candidato Eduardo Braga. Omar critica o ex-governador que ele sucedeu e diz: “Por isso eu digo sempre: nós vamos ganhar essa, e chupa Dudu! Chupa Dudu!”
Que parceria!
A Prefeitura de Manaus vendeu a ideia de parceria com o comando do Colégio Militar de Manaus para revitalizar a Avenida Epaminondas, depois da retirada de vendedores ambulantes do entorno da instituição. Na prática, a prefeitura disponibilizou os trabalhos de cinco secretarias (Semc, Seminf, Semulsp, Semmas, Manaustrans) enquanto os militares providenciam a pintura do muro da escola.
Dinheiro pra cachorro
O vereador Everaldo Farias (PV) ainda espera que, a pouco mais de três meses do fim do ano, a Prefeitura de Manaus libere R$ 300 mil de um emenda de autoria dele no orçamento para colocação de chips em animais domésticos. A esperança está ancorada em uma promessa levada esta semana à CMM pelo vereador Walfran Torres (PTC) de que todas as emendas aprovadas no ano passado serão liberadas nos próximos meses. Passada a eleição, as promessas são esquecidas, e político sabe muito bem disso.