Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – “É forma de ganhar tempo”, disse o vice-prefeito de Manaus, Marcos Rotta (Progressista), sobre a declaração do ministro dos Transportes, Renan Filho, de usar dinheiro do Fundo Amazônia para pavimentar a rodovia BR- 319, que liga Manaus a Porto Velho (RO). Rotta foi o entrevistado do programa “O A da Questão“, nesta quinta-feira (17)
Pleito de políticos amazonenses há dezenas de anos, a pavimentação da rodovia ficou de fora do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), lançado pelo governo federal na semana passada. No Amazonas, os investimentos, que somam R$ 47,2 bilhões, alcançarão apenas a rodovia BR-174, que liga Manaus à Boa Vista (RR), além de portos, aeroportos e novas habitações.
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“É o famoso embromation [enrolação]. Porque ele poderia ter colocado no PAC sem problema algum. Isso é forma de ganhar tempo. Existem pressões internacionais, de organizações internacionais, de governos internacionais com relação a BR-319″, afirmou Rotta.
Rotta, que já foi deputado federal, disse que não consegue compreender o “mistério estratosférico” que impede o avanço das obras na rodovia.
“Eu lamento muito que a BR-319 esteja fora desse pacote de obras anunciadas pelo governo federal. Eu não consigo… Eu fui deputado federal, nós criamos uma frente parlamentar. Tinha mais de 350 parlamentares de todo o Brasil, sobretudo da região norte, mas a gente não consegue compreender o porquê dessa cisma com a BR-319. Já tem estudo de impacto ambiental, já tem várias propostas. A última agora é uma estrada parque para ver se a gente consegue… E a gente não consegue entender porquê a gente não avança na questão”, disse o vice-prefeito.
“O presidente Lula, no primeiro mandato, se comprometeu, a presidente Dilma, depois o Bolsonaro, agora o Lula de novo. Nós já vamos para quatro governos e a gente não tira a BR-319 do papel. Tem algum mistério estratosférico que a gente não consegue compreender em relação a isso”, completou Rotta.
O vice-prefeito defende coalisão entre todos os segmentos interessados na rodovia. “Enquanto a gente não tiver todos os envolvidos, todas as instituições envolvidas, uma grande mesa redonda, isso não vai avançar. Porque quando se tenta liberar rapidamente uma ação é julgada e a obra é embargada e o processo não avança”, afirmou Rotta.
De acordo com o vice-prefeito, a proposta de estrada parque, que são áreas onde a natureza é especialmente protegida, é a mais viável.
“Temos exemplos outros no Brasil, como em Foz do Iguaçu, uma estrada parque totalmente preservada com animais silvestres, com acompanhamento. Acho que nós podemos ter o mesmo que tivemos na BR-174, que talvez guardadas as devidas proporções se assemelham um pouco. É claro que a gente precisa monitorar a BR-319 no futuro, se Deus e os homens permitirem com que ela saia”, disse Rotta.
Para o vice-prefeito, a construção de ferrovia é inviável em razão do custo. “O custo é muito alto. Isso já se estudou como uma alternativa. Talvez diante dessa impasse técnico, jurídico, burocrática, ambiental que a gente tem, possa ser uma segunda opção. Mas eu vou continuar, sempre que puder, defender a BR-319”, disse Rotta.