Da Redação
MANAUS – A DPE-AM (Defensoria Pública do Estado Amazonas) cobrou explicação sobre porque os municípios estão recebendo menos doses da vacina contra a Covid-19 do que o previsto no Plano Estadual de Vacinação, divulgado pela FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas).
A explicação do governo foi dada ainda na noite de terça-feira, 19. Segundo a Secom (Secretaria de Comunicação do Estado), a FVS-AM fez a distribuição de duas doses para municípios mais distantes e com maior dificuldade de transporte e só de uma dose para a região metropolitana de Manaus, incluindo a capital.
No requerimento, o defensor público Rafael Barbosa, da Defensoria Especializada em Atendimentos de Interesse Coletivo, questiona se, de fato, o Amazonas recebeu os 306 mil imunizantes anunciados, que seriam fruto de repasses do Ministério da Saúde (256 mil doses) e do Governo do Estado de São Paulo (50 mil).
O pedido da Defensoria Pública também é para que o Estado comprove o número de vacinas enviadas para cada cidade ou justifique o descumprimento da meta. O município de Parintins, segundo o procurador, recebeu 1.069 doses, número que é quase 5 vezes menor do que os 4.974 imunizantes previstos no Plano de Vacinação publicado pela FVS.
Outra cobrança da Defensoria é a diferença entre a quantia de doses necessárias para abranger o primeiro grupo a ser vacinado no Amazonas (262,1 mil pessoas) e a recebida pelo governo estadual. “Quais os grupos da primeira fase que serão efetivamente imunizados? De fato, o Estado do Amazonas confirma que não há doses suficientes para contemplar o quantitativo previsto na primeira fase da vacinação?”, questiona Barbosa.
Doses a mais
O governo informou que foram 282 mil doses enviadas pelo Ministério da Saúde, 26 mil a mais do que o anteriormente previsto.
De acordo com a FVS, foram distribuídos lotes com as duas primeiras doses da vacina aos municípios do interior, com exceção de cidades da região metropolitana de Manaus e da própria capital, que receberam o quantitativo equivalente à primeira dose. No total, foram distribuídas, na terça-feira, 221.593 doses para capital e interior.
Repasse de doação ao PNI
Anunciada domingo, 17, pelo governador João Doria (SP), as 50 mil doses da vacina Coronavac doadas ao Amazonas não chegaram a Manaus, segundo o governador Wilson Lima. O envio da vacina seria sem custos em parceria com empresas aéreas.
Wilson Lima disse na segunda-feira, 18, em entrevista coletiva que as 50 mil doses deveriam ser incluídas no Plano Nacional de Imunização, do Ministério da Saúde.
“Essas 50 mil doses ainda não chegaram, elas serão repassadas ao Programa Nacional de Imunização que deve repassar nos próximos dias ao Amazonas. Aí elas também serão incluídas neste processo, a medida em que foram chegando as doses, a gente vai aumentando a quantidade de pessoas imunizada”, disse Lima.
O governador não explicou porque as doses foram enviadas ao Ministério da Saúde e não ao governo estadual, como anunciou Doria.
Aplicação das vacinas
O Governo do Amazonas também informou, em comunicado na terça-feira, que é responsável somente pelo recebimento das vacinas do Ministério da Saúde e distribuição às prefeituras municipais no interior do estado. O comunicado foi divulgado diante de informações nas redes sociais de que pessoas estavam furando a fila de vacinação, em desacordo com as prioridades definidas pelo Ministério da Saúde.
“A aplicação é de responsabilidade das Secretarias Municipais de Saúde e obedece aos critérios de prioridade definidos pelo Ministério da Saúde. O Governo do Estado não é responsável pela vacinação de qualquer pessoa”, diz no comunicado.
A juíza federal Jaiza Fraxe, inclusive, fez uma postagem na conta pessoal dela no Twitter, apelando para que a população de Manaus não deixassem que furassem a fila e denunciasse às autoridades federais qualquer suspeita.