Da Redação
MANAUS – O discurso do deputado federal Marcelo Ramos (PSD-AM) na tribuna da Câmara dos Deputados na noite desta terça-feira (24) para tratar sobre a perda do cargo de vice-presidente da Casa irritou o presidente Arthur Lira (PP-AL), que rebateu a fala do colega e considerou o assunto encerrado.
Ramos afirmou que a decisão de o retirar do cargo de vice-presidente não foi regimental ou jurídica, mas política, e que tal decisão atenta contra a liberdade e autonomia do Poder Legislativo.
“Essa não é uma decisão regimental ou jurídica, é uma decisão política, e uma decisão política perigosa, porque atenta contra a liberdade e autonomia deste poder”, afirmou Ramos, que usou o tempo da liderança partidária para discursar.
O parlamentar também acusou o Poder Legislativo de se consorciar com o Executivo para atacar a democracia.
“Quando o Executivo ataca a democracia é perigoso. Quando o Legislativo se consorcia com o Executivo para atacá-la é mortal”, afirmou o parlamentar amazonense.
Marcelo Ramos afirmou que não tem apego a cargo, que aceitou a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, e, também, disse que o assunto estava encerrado, ao final do discurso.
Resposta de Lira
Arthur Lira leu trecho do regimento da Câmara que trata da troca de membros da Mesa Diretora quando há troca de partidos e afirmou que mais parlamentares perderam cargos, além de Marcelo Ramos, e disse que não iria responder a “lacrações palanqueiras” ou a “celeumas de redes sociais”.
“Em respeito a todos os senhores e senhoras, não reagirei a nenhum tipo de qualquer deputado desta Casa de lacrações palanqueiras e de celeumas de redes sociais”, disse o presidente.
Lira também negou que houve ingerência do Poder Executivo para que Marcelo Ramos fosse retirado do cargo, apesar de o presidente Jair Bolsonaro afirmar que pediu ao presidente do PL a saída do parlamentar amazonense da Mesa Diretora.
“Não há que se fazer refutações de ingerências de qualquer outro poder nesta Casa, se todas as nossas decisões são baseadas em decisões de maioria, de coletividade deste plenário. A única decisão monocrática que houve foi um pedido de interferência da Justiça Eleitoral na Mesa desta Casa de forma monocrática”, afirmou Lira, referindo-se ao pedido de Ramos para que ficasse no cargo.
O presidente disse que foi leniente em relação a Marcelo Ramos por consideração a ele, e por isso não o afastou do cargo em fevereiro, quando o parlamentar mudou de partido.
“Por consideração ao meu vice, que sempre tive com ele um bom relacionamento, fui negligente, fui leniente. Em desde fevereiro, quando ele mudou de partido, tentei todas as composições partidárias para que não houvesse a reclamação da proporcionalidade partidária do Partido Liberal”, disse.