Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Os deputados estaduais aprovaram, na tarde desta quinta-feira, 6, o relatório da comissão especial que opinou pela rejeição e arquivamento da denúncia contra o governador Wilson Lima (PSC) e o vice-governador Carlos Almeida Filho (PTB) por crimes de responsabilidade e improbidade administrativa. Foram 12 votos a favor do parecer, seis pelo impeachment e cinco abstenções.
Votaram com o relator pela rejeição da denúncia os deputados Doutor Gomes (PSC), Belarmino Lins (Progressistas), Abdala Fraxe (Podemos), Adjuto Afonso (PDT), Alessandra Campêlo (MDB), Augusto Ferraz (DEM), Cabo Maciel (PL), Carlinhos Bessa (PV), Joana Darc (PL), Roberto Cidade (PV), Saullo Vianna (PTB) e Therezinha Ruiz (PSDB).
Foram contra o parecer os parlamentares Delegado Péricles (PSL), Dermilson Chagas (Podemos), Wilker Barreto (Podemos), Álvaro Campêlo (Progressista), Josué Neto (PRTB) e Serafim Corrêa (PSB) .
Se abstiveram de votar os deputados Fausto Júnior (PRTB), Felipe Souza (Patriotas), João Luiz (Republicanos), Sinésio Campos (PT) e Ricardo Nicolau (PSD). A deputada Mayara Pinheiro (Progressista) estava ausente.
Discussão
Durante a discussão, cinco deputados – dois representando a base governista, dois pela bancada oposicionista e um pelo grupo dos independentes – usaram a tribuna por 10 minutos cada para fazer discurso defendendo o voto deles.
O Doutor Gomes (PSC) considerou o processo “traumático demais” e atacou a médica Patrícia Sicchar, de origem peruana, que assinou as denúncias contra Lima e Almeida Filho. “Não posso permitir que uma estrangeira que não nasceu no nosso solo venha aqui se arvorar para trocar um governo constituído pelo povo”, afirmou Gomes.
O deputado do PSC também disse que as denúncias de Sicchar e do médico Mário Vianna têm viés políticos e que ele não poderia ser manipulado pelos desejos dos denunciantes. Além disso, Gomes disse que não poderia incluir fatos ocorridos entre abril e julho deste ano pois estaria cometendo um “equívoco”.
Wilker Barreto (Podemos), da oposição, disse que o discurso de Gomes foi uma “ofensa ao povo do Amazonas” e defendeu a médica Patrícia Sicchar. “A Doutora Patrícia, acredite, fez mais pelo Amazonas até hoje do que vossa excelência, como médica que trabalha na ponta, nas UBSs, nos SPAs”, disse Barreto, que foi interrompido pelo deputado do PSC.
“Doutor Gomes, escute calado porque vossa excelência faltou com respeito com uma cidadã brasileira”, disse Wilker. Depois, Barreto afirmou que o deputado do PSC devia uma desculpa formal à médica Patrícia Sicchar.
O deputado oposicionista Dermilson Chagas (Podemos) disse que o relatório decepciona a classe política e “mancha a biografia de homens e mulheres que lutam por um Amazonas melhor”. Chagas disse que os que votaram pelo arquivamento serão lembrados nas próximas eleições. “Esse relatório sepulta a esperança do povo do Amazonas. Mas é o primeiro relatório de muitos outros”, afirmou Chagas.
O deputado Delegado Péricles (PSL), do bloco dos que se declaram independentes, reclamou da falta de diligências pela comissão especial do impeachment e do curto tempo que teve para analisar o parecer do deputado Gomes.
Da base governista, Belarmino Lins (Progressista) elogiou o “grau da inteligência jurídica” do relator Doutor Gomes. “A minha convicção é de que não ocorrera de forma sustentável e plausível formas de condenação para ensejar a cassação do governador Wilson Lima e do vice-governador Carlos Almeida Filho”, afirmou o deputado.