MANAUS – Ao participar da Audiência Pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Assassinato de Jovens do Senado Federal, nesta sexta-feira, 4, para debater as políticas públicas de combate à violência contra jovens no Estado do Amazonas, o deputado José Ricardo Wendling (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado, pediu aos membros da comissão que investiguem os assassinatos de jovens em Manaus, inclusive os da chacina de julho, quando 37 pessoas foram mortas em Manaus.
O parlamentar entregou aos membros da CPI documento solicitando apuração para elucidar crimes cujas vítimas são, na sua maioria, jovens sem envolvimento com o crime. Também cobrou mais investimentos do Estado para a juventude, em vez de “cortar despesas” por conta da crise.
O debate teve a participação do relator da CPI do Assassinato de Jovens, senador Lindbergh Farias (PT/RJ); da senadora Vanessa Graziontin (PCdoB) e do senador José Medeiros (PPS/MT), membros da Comissão.
“O extermínio de jovens é evidente no Amazonas. Segundo o Mapa da Violência 2015, Manaus é a terceira capital com maior número de assassinatos de jovens por arma de fogo. De 2002 a 2012, em dez anos, esses números cresceram 323% na cidade. Em 2013, 79 adolescentes entre 16 e 17 anos morreram assassinados na capital. O crime organizado e o tráfico de drogas recrutam muitos adolescentes e, sob ameaça, os envolve nas infrações e atos de violência. Uma prisão da qual muitos somente saem com a morte”, afirmou o parlamentar.
No documento entregue ao relator da CPI, senador Lindbergh Farias, José Ricardo solicitou pedido de investigação em alguns casos recentes envolvendo a juventude: sobre as 37 mortes que acontecerem entre 17 e 20 de julho deste ano e que, segundo o secretário de Segurança Pública, Sérgio Fontes, na sua maioria, eram de jovens, 20 deles sem passagem pela polícia e sem processos na Justiça, e apenas 15 envolvidos com o crime.
O parlamentar lembrou que há indícios da existência de uma facção criminosa e de grupos de extermínio ligados a policiais. Outro caso incluído no documento é o caso do Beco Boa Sorte, no bairro São José, onde, no último dia 5 de julho, 15 homens armados invadiram o local e atiraram contra as pessoas, resultando em dois jovens mortos e outras sete pessoas feridas.
“O alto índice de assassinato de jovens preocupa a população e demonstra o descontrole do Governo do Estado e a falta de segurança para a juventude, comentou o deputado no documento, relatando ainda que a precária situação da perícia criminal do Estado tem contribuído para a não elucidação dos crimes. Segundo o secretário de Segurança, já foram registrados 641 homicídios em Manaus este ano e a maioria eram jovens. “Até o momento, as investigações desses crimes ainda não foram concluídas”.
(Com informações da assessoria do deputado)