Da Redação
MANAUS – O deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) chamou de “estupidez” a decisão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de desautorizar o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, de comprar a vacina Coronavac porque “é chinesa”. A declaração foi na sessão híbrida da ALE (Assembleia Legislativa do Amazonas) desta quinta-feira, 22.
“Nós não estamos em uma guerra ideológica, estamos em uma guerra sanitária. E nós não podemos ficar alimentando egos, nem vaidades, nem ideologias por briguinhas no Twitter. Isso é ridículo. Como é que o mundo nos vê? O ministro da Saúde assina o convênio e depois o presidente da República desautoriza ele publicamente pelo Twitter porque a vacina é chinesa”, disse Corrêa.
Bolsonaro desautorizou o chefe da Saúde na manhã de quarta-feira, 21, usou a palavra “traição” para o caso e disse que o governo não comprará o que chamou de “vacina chinesa”. “Tudo será esclarecido hoje. Tenha certeza, não compraremos vacina chinesa. Bom dia”, respondeu Bolsonaro nas redes sociais a uma simpatizante.
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Para Serafim, o Brasil precisa, primeiramente, obter a vacina e, depois, disponibilizar para a população, sem obrigação. “Tendo a vacina, não precisa invadir a casa de ninguém para que tome a vacina. Você disponibiliza, a população vai aderir em massa. Mas, num segundo momento, aqueles que não aderirem, serão compelidos a se vacinar pela própria natureza”, afirmou o deputado.
Em um mundo em que a maioria da população já tenha sido vacinada, “as empresas não vão querer ter empregados que não tenham sido vacinados”, segundo Serafim. “As escolas não vão aceitar alunos que não tenham sido vacinados. A Polícia Federal não vai dar passaporte para quem não tenha sido vacinado porque o país de destino não vai aceitar. (…) Então, isso será uma solução normal”, disse o parlamentar.
Corrêa também afirmou que, apesar da alegação de que a vacina é “chinesa” – o que não anula a qualidade do produto, ela será brasileira porque será produzida através de um convênio com o Instituto Butantan, de São Paulo. “Mesmo que fosse chinesa, não importa a cor do gato. Importa que o gato casse o rato”, disse o deputado, citando o líder chinês Deng Xiaoping sobre não existir ideologia quando se trata de tecnologia.
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