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MANAUS – Nove deputadas federais e um deputado federal de diferentes partidos pediram a cassação do senador Plínio Valério (PSDB) pela declaração dele sobre “tolerar” a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, por seis horas e dez minutos “sem enforcá-la”.
O pedido de cassação por quebra de decoro consta em representação protocolada no Conselho de Ética do Senado Federal. No documento, os parlamentares afirmam que o teor da fala de Plínio “ultrapassa os limites da imunidade parlamentar, uma vez que não possui qualquer relação com sua atuação como representante do Estado do Amazonas, mas sim um evidente caráter de violência de gênero”.
Assinam a representação as deputadas Benedita da Silva (PT-RJ), Duda Salabert (PDT-MG), Enfermeira Ana Paula (Podemos- CE), Gisela Simona (União Brasil -MT), Jandira Feghali (PC do B – RJ), Laura Carneiro (PSD-RJ), Maria Arraes (Solidariedade – PE), Tabata Amaral (PSB-SP) e Talíria Petroni (Psol – RJ). O deputado federal Túlio Gadêlha (Rede-PE) também assina o documento.
De acordo com os parlamentares, a fala de Plínio “não apenas minimiza e desqualifica a presença da Ministra Marina Silva no cenário político, como também reforça um discurso de incitação à violência contra a mulher, um crime tipificado na legislação brasileira e que tem sido amplamente combatido, sobretudo no contexto da política nacional”.
Na quarta-feira (19), ao rebater a declaração de Plínio, Marina disse que o comportamento de Plínio foi de “psicopata”. “Com a vida dos outros não se brinca. Quem brinca com a vida dos outros ou faz ameaça aos outros de brincadeira e rindo, só os psicopatas são capazes de fazer isso”, afirmou Marina, no programa Bom Dia, Ministra, transmitido pelo Canal GOV no Youtube.
A declaração de Plínio foi dada na última sexta-feira (14) em evento da Fecomércio em Manaus. Ao criticar as ações do Ministério do Meio Ambiente, o senador relembrou que a ministra esteve no Senado Federal para responder perguntas de parlamentares na CPI das ONGs, presidida por ele.
“A Marina esteve na CPI das ONGs seis horas e dez minutos. Imagina o que é tolerar a ministra Marina Silva seis horas e dez minutos sem enforcá-la”, disse Plínio a empresários e políticos.
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Também nesta quinta-feira, em sessão plenária, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, reagiu às declarações do senador. Davi classificou a fala do senador amazonense como “infeliz” e como um “combustível” para casos de violência em um país polarizado. Após a manifestação de Davi, Plínio e outros parlamentares se manifestaram sobre o episódio.
Diante do posicionamento do presidente do Senado e das senadoras, Plínio subiu à tribuna e afirmou que a fala foi “uma brincadeira”, referindo-se a uma audiência da CPI das ONGs, em novembro de 2023. Na ocasião, a ministra, segundo Plínio, foi tratada com “toda decência”. Contudo, o senador, que presidiu o colegiado, apontou que ficou irritado diante das negativas da ministra em liberar obras na BR-319, rodovia vital para o Amazonas.