EDITORIAL
MANAUS – Os parlamentos, de Brasília aos menores municípios brasileiros, estão sendo povoados de gente despreparada e desonesta com o eleitorado e a população em geral. Os antigos homens e mulheres de discursos bem elaborados, verdadeiros parlamentares, foram substituídos aos poucos por pessoas que sequer domina o idioma, semianalfabetos.
Lamentável é que à medida que o nível dos vereadores, deputados e senadores cai, o custo dos parlamentos aumenta de forma desproporcional, com o aumento de regalias, o que joga nos ombros do contribuinte um peso cada vez maior.
Com exceções em Brasília e raros casos nos Estados e municípios, os parlamentares brasileiros entregam muito pouco à população que o elege e banca seus privilégios e salários (subsídio é o nome técnico).
No município de Manaus e no Estado do Amazonas assistimos a um lamentável alinhamento de vereadores e deputados ao Poder Executivo, ignorando a independência entre os poderes.
Essa independência não significa que um poder deve ser adversário de outro, mas é inaceitável o que assistimos na Câmara Municipal de Manaus e na Assembleia Legislativa do Amazonas: os parlamentares totalmente subservientes ao Poder Executivo. Na Assembleia há dois ou três deputados atuando na oposição, mas na CMM não há um para fazer o contraponto.
Os vereadores e a maioria dos deputados adotaram a estratégia de alinhamento para usufruir do benefício das emendas parlamentares ou dos serviços prestados pela Prefeitura de Manaus e Governo do Estado.
Basta uma consulta no site da CMM para perceber como os vereadores atuam: visita a uma obra da prefeitura para dizer que é sua; aplausos aos serviços realizados pelos gestores; rua é recapeada a pedido de fulano; sicrano viabiliza serviços na comunidade “x” realizado pela prefeitura.
Na Assembleia Legislativa, deputados em ano pré-eleitoral fazem farra com o dinheiro de emendas parlamentares em ações que em qualquer país decente seriam condenadas como compra de votos.
Quando se cobra os serviços elementares desses parlamentos, quais sejam, a criação de leis e a fiscalização do Poder Executivo, eles não entregam. Estão abarrotados de projetos de lei risíveis, que não atendem aos anseios da população.
Como são alinhados e aliados, fazem vista grossa para as ações do Executivo e nada fiscalizam.
Mas é preciso que se diga: esses senhores e senhoras são eleitos pelo voto popular, o que exige da população uma profunda reflexão sobre a importância do voto.
A culpa, no entanto, não está só na escolha do eleitor, mas na falta de opção de escolha. A demonização da política têm afastado gente preparada das disputas eleitorais.