Da Redação
MANAUS – O delegado Charles Araújo, da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros de Manaus, afirmou em entrevista nesta sexta-feira, 19, que já tem provas que, segundo ele, comprovam que o policial militar Jeremias da Costa Silva, suspeito de matar a transexual Manuella Otto, 25, é o autor do homicídio.
O crime ocorreu na madrugada do último sábado, 13, em um motel no bairro Monte das Oliveiras, zona norte de Manaus. Segundo o delegado, a suspeita é que Jeremias tenha se desentendido com Manuella, morta com um tiro no peito. A vítima era atriz e professora.
A polícia pediu a prisão preventiva do policial na segunda-feira, 15. Nesta quinta-feira, 18, o mandado foi expedido em Plantão Judicial e Jeremias foi preso.
“A partir de ontem nós passamos o dia em busca dele, visitamos vários endereços onde poderia ser localizado. Infelizmente, não logramos êxito em encontrá-lo. Porém, em conversas com seus advogados, conseguimos fazer com que ele se apresentasse e fosse cumprido esse mandado de prisão”, disse o delegado.
Araújo afirma que nos dois momentos em que Jeremias foi à delegacia, domingo, 14, quando se apresentou para prestar depoimento, e nesta quinta-feira, 18, o policial não quis falar sobre o encontro com Otto. “Nós estivemos nas ruas todos esses dias, fizemos inúmeras diligências e conseguimos as provas que apontam para o suspeito como o autor desse fato”, disse o delegado.
Charles Araújo afirma que através de fotos obtidas na apreensão foi possível identificar que a tatuagem do homem que aparece fugindo nas imagens das câmeras de segurança do motel é de Jeremias. “A gente conseguiu fotos dele (Jeremias) que comprovam aquela tatuagem que aparece naquele vídeo. E baseado nessas informações a Especializada em Homicídios e Sequestros solicitou a prisão preventiva na tarde de ontem”, disse.
As câmeras registraram o momento em que Jeremias tenta sair do estabelecimento, mas é impedido pela portaria. O policial desce do carro, com o rosto coberto por uma camisa, e ameaça os funcionários com um revólver.
A saída continua fechada e Jeremias usa o veículo para derrubar o portão e fugir do local. Com o impacto, o portão é arrastado por cima do carro.
A investigação deve ser finalizada nos próximos dias, segundo Araújo. “Ele passará por audiência de custódia e a gente vai finalizar a investigação por esses dias e encaminharemos os autos à justiça para que proceda o processamento correto”, disse.
Protesto
Em frente à delegacia, familiares, amigos e representantes da comunidade LGBT protestaram contra a morte de Manuella, cobrando a punição do policial. “Nós tivemos que nos manifestar para pedir justiça, para pedir que esse crime não fique impune. A polícia prende, mas a Justiça solta. Esse é o nosso objetivo, por isso estamos aqui!”, disse Bruna La Close, presidente da Parada do Orgulho LGBT Manaus.
“Vamos prender, vamos condenar e vamos expulsar! Porque uma pessoa como essa não merece estar num corporativo como esse, onde trabalha a questão da segurança da população”, disse La Close.
A Corregedoria Geral do Sistema de Segurança informa que abriu um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra o policial militar.