Por Teófilo Benarrós de Mesquita, da Redação
MANAUS – Um debate sobre a necessidade da construção ou não de um novo prédio anexo para a CMM (Câmara Municipal de Manaus) colocou os vereadores em rota de colisão, na manhã desta segunda-feira (13). Ao solicitar que o presidente da casa, David Reis (Avante), desista da ideia e devolva o recurso para a prefeitura de Manaus aplicar em obras mais urgentes, Rodrigo Guedes (PSC) foi taxado de ‘oportunista’ e ‘aproveitador’ por outros dois parlamentares.
Rodrigo Guedes se posiconou contra a construção do anexo, que está em processo de licitação através do Edital de Concorrência 001/2021, no valor de R$ 31.979.575,63. “Sou contra a construção desse prédio. Acho desnecessário. Não é isso que a população precisa. Lógico que está dentro da lei, nós sabemos disso. O orçamento é da Câmara. Mas nada impede que esse recurso seja devolvido para a Prefeitura de Manaus”, sugeriu.
“Eu tenho certeza mais do que absoluta que se a gente consultar a população, 100% é contrária à construção de mais um prédio anexo que não precisa, é desnecessário”, disse. “Muito melhor esse recurso ser investido em educação, saúde, construção de escola, construção de unidade de saúde, pagamento de auxilio emergencial, revitalização de centro esportivo, inúmeras outras atividades”.
Guedes citou como exemplo o entorno da sede da Câmara. “Nós temos na nossa frente uma feira abandonada, caótica. Atrás da gente temos uma Vila Olímpica abandonada, um descaso total com a população e temos um gasto de R$ 32 milhões para algo que não é uma necessidade da população”.
“Faço o pedido ao presidente da Câmara Municipal, vereador David Reis, que envie esse recurso para a prefeitura. Tenho certeza que vossa excelência fará história ao devolver o dinheiro, como o primeiro presidente da história a destinar recursos de grande soma para a execução de políticas públicas para a população, que certamente não é a construção de mais um prédio”, insistiu.
O presidente respondeu que não tem “a menor preocupação em fazer história. Tenho preocupação que os 41 vereadores possam fazer história. O esforço de um é nada para essa cidade”. Na defesa da construção de um novo anexo, David Reis argumentou que não foi “eleito presidente para brincar com os recursos da Câmara Municipal”.
“Só quem não conhece as instalações da Câmara é que defende que o novo prédio não deva ser feito. Vossa excelência inclusive foi infeliz quando chamou essa obra de ‘puxadinho’. Pode parecer com tudo, menos com puxadinho”, respondeu.
O presidente usou um exemplo da própria casa legislativa para justificar a necessidade do novo anexo. “Essa obra não é minha não é de nenhum vereador. É a próxima instalação da CMM onde os gabinetes serão isonômicos, iguais. Não vai mais existir gabinete como o do vereador Caio (André) que é menor que uma caixa de fósforo, inadequado para uma Câmara que é a sexta Câmara do pais tem um orçamento que não foi eu que inventei e é constitucional”.
“Longe de mim fragilizar, fragmentar a representativade tão importante que os vereadores exercem. Entendo suas intenções mas não compactuo delas”, devolveu Reis para Rodrigo Guedes.
Dois vereadores que se pronunciaram depois do presidente foram mais duros e incisivos e rotularam Rodrigo Guedes de ‘oportunista’ e ‘aproveitador’. Wallace Oliveira (Pros), 1º vice-presidente da Câmara, elogiou a “performance e o desempenho” de David Reis como presidente e classificou a sugestão de Guedes de “oportunismo barato de quem quer montar um palanque medíocre para se projetar”.
“Esses discursos oportunistas, de platéia, pré-eleitoreiro não podem acontecer. Quando alguém aqui é atacado toda a insitituição é atacada”, disse, criticando o posicionamento de Guedes. Em seguida, parabenizou David Reis: “Não recue um milímetro. Vossa excelência traz através de uma obra a consolidação de uma necessidade que Manaus precisa”.
Em seguida, Luis Mitoso (PTB) foi mais direto ainda. Disse estar decepcionado com a atuação parlamentar de Guedes, de quem já era amigo antes de se tornar vereador, o acusou de não sabe o papel de um parlamentar e afirmou que nunca viu em outro poder constituído um membro “ciscar para trás”.
“O parlamento é forte quando é unido. O parlamento é representativo quando temos pessoas que entendem e compreendem o que é um parlamento. Oportunistas de plantão chegam a essa casa que não sabem o que é a função de um parlamentar e eu lamento. Lamento muito. Apesar de eu ter uma amizade com o Rodrigo Guedes de antes do parlamento, ele tem me decepcionado”, rebateu.
Mitoso, que está no terceiro mandato, disse que já viu ao longo dos anos muito vereador “ciscando prá fora” e que não tiveram resposta da população. “A população nao vai ouvir isso não, senhor presidente. Não vai dar ouvidos a uma retórica barata que não engradece o parlamento, de onde ele vive, se sustenta”, disse se referindo a Guedes.
“Eu não vejo dentro dos poderes constituídos os seus pares condenando o poder que ele integra. O que eu vejo aqui é uma retórica que não agrega em nada para o parlamento, só diminui. Eu lamento que um parlamentar ouse ir à tribuna para denegrir a imagem de 0utros 40 vereadores da cidade de Manaus”.
“Se o vereador Wallace ou o vereador Mitoso acham que isso é oportunismo eu não vou criticar. É minha forma de pensar. Não sou obrigado a pensar igual a qualquer outra pessoa aqui”, respondeu Guedes aos ataques sofridos. “É minha opinião e preciso ser respeitado. Não vivo de política.”
Leia, na íntegra, o Edital de Concorrência 001/2021 para a construção do Anexo II da Câmara Municipal de Manaus.