A primeira versão era verde natureba, orgânica e biodegradável. Foi inventada por Adão, que para “encobrir suas vergonhas” usou folhas de parreira (nada a ver com o treinador do tetra).
Os evolucionistas discordam e afirmam que foi algum homem das cavernas que inventou a cueca e para isso utilizou a pele de algum animal.
O certo é que essa roupa íntima foi criada para ficar restrita à esfera particular. De vez em quando, porém, a cueca vira assunto polêmico e ganha as ruas.
No Brasil, uma das ocasiões em que a cueca foi bastante discutida ocorreu quando batizaram um modelo com nome de música romântica. A ideia era expressar que, em relação ao formato sunga (slip), o modelo anterior era tão ultrapassado e em desuso quanto ao gênero samba-canção.
Uma curiosidade: Edmundo Barreto Pinto (1900-1972) foi o primeiro parlamentar brasileiro com mandato cassado por falta de decoro. A punição, todavia, não foi causada por nenhum escândalo de corrupção, mas porque o deputado posou para fotos trajando uma cueca samba-canção.
Talvez por vingança, a política foi a maior responsável pelo fato da cueca ser mais falada até que o biquíni fio dental. Isso quando políticos e assessores deles começaram a ser presos escondendo dinheiro roubado nas cuecas.
Logo, a cueca abrigou uma expressão para representar algo flagrante, evidente e sem possibilidade de contestação: “batom na cueca”. Tipo: “Os R$ 51 milhões encontrados no apartamento são um verdadeiro ‘batom na cueca’ para Geddel Vieira Lima”.
Recentemente, a cueca virou assunto esportivo. No início do mês, a Seleção Brasileira veio a Manaus em preparação para o confronto contra a Colômbia pelas Eliminatórias da Copa.
Em um dos treinos, o amazonense Diego Armando apelidado de Maradona foi chamado para participar. Após a atividade, no vestiário, o estagiário da Arena da Amazônia aproveitou para pedir um presente de recordação do atacante Neymar. “Eu esperava que ele fosse me dar uma camisa ou até um calção”, disse o amazonense. Neymar, porém, foi bem surpreendente. “Ele falou: ‘Eu vou te dar um presente, mas quero que tu cuide com maior carinho e muito amor’. Aí tirou a cueca e me deu. Ai eu peguei, coloquei no saco, levei para casa e lavei. Agora está comigo”, disse.
A opinião do presenteado é a que mais importa e Maradona encarou o caso no maior bom humor. Não chega a imitar o super-homem usando a cueca por cima da calça, mas o estagiário anda usando a peça íntima, inclusive nas entrevistas que concedeu para contar a história. Provavelmente já a usou em alguma pelada por aí.
Muitos, entretanto, não interpretaram positivamente o ‘regalo’ do jogador. No espaço para comentários dos sites que relataram o fato, muitos consideraram o ‘presente’ como afronta e insulto. Para eles, não é nada aceitável presentear alguém com uma cueca suada e usada.
Vários avaliaram ainda que a cueca encardida deixou Neymar ‘despido’ deixando evidente a avantajada arrogância do jogador brasileiro.
O fato é que o caso da cueca suja é bem simbólico da situação atual no País. Quando o brasileiro acha que vai receber algo aceitável, o que aparece são políticos sem vergonhas cobertas, cheios de batom na cueca e com promessas e projetos tão desatualizados quanto o samba-canção.
Nas eleições, nada de novo. Basta olhar o que “ficou para trás” para perceber que as opções ficam restritas entre sujos e mal lavados. Para lidar com esses “cuecas usadas”, haja saco!
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