Por Valéria Costa, da Redação
MANAUS – Depois de 3 anos consecutivos no calendário do Natal amazonense, o espetáculo “O Glorioso”, encenado ao vivo na noite de Natal no Largo São Sebastião com investimento milionário e todo um exército de artistas, técnicos e trabalhadores em geral, sai de cena para dar lugar a um novo formato de espetáculo neste ano: “O Arauto dos Brinquedos”, mais modesto e mais austero nos gastos. A mudança é consequência da crise econômica, que resultou no corte de orçamento da Secretaria de Estado de Cultura.
A programação foi apresentada pelo secretário de Cultura, Robério Braga, que argumentou que, no Natal de 2015, será apresentado um espetáculo novo ao público, com uma nova roupagem. Robério reconheceu que um dos motivos da mudança de “O Glorioso” para um novo formato de espetáculo teve como causa a crise econômica. Mas, argumentou, não foi somente isso. “Não temos mais onde colocar o público. O espaço no entorno do Largo se tornou pequeno para tanta gente. Ano passado foram mais de 100 mil pessoas. Além disso, a obra que está acontecendo no Centro também contribuiu, já que deverá influenciar no deslocamento das pessoas e causar transtornos. Também tem a questão econômica que não permite que a gente faça tudo do tamanho como feito anteriormente. Mas, o espetáculo será belíssimo”, disse o secretário.
O espetáculo “O Glorioso” envolveu mais de 4 mil pessoas e investimentos de mais de R$ 5 milhões. No último ano de sua apresentação, no dia 25 de dezembro de 2014, ele contou, inclusive, com a direção do coreógrafo dos estúdios da Disney World, Robert Mckinney. À ocasião, o secretário Robério Braga afirmou que “O Glorioso não é só exclusivo, mas que entrará para o roteiro de eventos natalinos nacionais, atraindo mais turistas a Manaus”.
Mas, um ano depois, diante de um cenário de recessão econômica, a Secretaria de Cultura decidiu rever a programação de Natal e, em vez de um espetáculo grandioso, apresentado ao vivo e na noite de Natal, os amazonenses terão 30 dias de programação, denominado de “evento multi-artístico”, com shows musicais, coral, peças teatrais. Terá também presépio na Igreja de São Sebastião, a Casa do Papai Noel e a Árvore de Natal.
Neste ano, “O Arauto dos Brinquedos” vai homenagear o diretor de teatro amazonense, já morto, Alfredo Fernandes, vai envolver perto de mil pessoas, entre artistas e técnicos, e os investimentos será da ordem de R$ 1,5 milhão, segundo Robério, cujo patrocínio será exclusivo da multinacional Coca-Cola e terá nove apresentações ao invés de uma única apresentação de “O Glorioso”.
A grande aposta da Secretaria de Cultura será na transmissão do espetáculo na noite de Natal, que será exibido pelas TV A Crítica e Cultura e também em nível nacional pelo canal Brasil e TV Brasil. Robério explicou que nestes 30 dias de eventos no Largo e no Teatro Amazonas, o espetáculo será gravado e transmitido nesta noite para a população local.
Robério explicou que o texto de Alfredo Fernandes foi adaptado por Jorge Bandeira e dá uma releitura no nascimento de Jesus Cristo. “É a história de uma criança cega que fala com seus brinquedos. Eles a convence de ir ao hospital fazer uma cirurgia para voltar a enxergar e, no meio disso, sua vó vai contando a história de Jesus e, quando dá o nascimento de Jesus se dá também a cirurgia da criança e sua cura, ela volta a enxergar. É um simbolismo, em que o nascimento de Jesus e a cura da criança mostra que o Natal é uma oportunidade de renascimento para todos os homens.
Perguntado se “O Glorioso” poderá voltar a ser encenado no Natal de 2016, Robério disse que é prematuro falar nesse momento. Ele apenas adiantou que a intenção é homenagear outro diretor teatral do Amazonas, Gebes Medeiros.
“Vamos ver como esse formato funciona, se as pessoas vão continuar satisfeitas, se as emissoras de TV vão aderir à transmissão. Estamos sempre procurando uma forma diferente de fazer o espetáculo. Mais importante fazer um espetáculo com transmissão, que as pessoas possam assistir no conforto de seu lar, do que insistir numa proposta que foi muito boa, mas que não tínhamos mais onde colocar gente. Já fizemos concerto no Sambódromo, na Catedral, no Centro Cultural Povos da Amazônia e no Teatro Amazonas. Agora vamos fazer dentro e fora do Teatro”, disse Robério.