Denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes foram relatadas por conselheira tutelar ao deputado Luiz Castro
PARINTINS (AM) – Parintins pode ser uma das cidades do Amazonas investigadas sobre rede organizada de exploração sexual de crianças e adolescentes. A denúncia apresentada pela conselheira tutelar Nilciara Barbosa, no final de janeiro, deve ser uma das justificativas do deputado estadual Luiz Castro para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito que deve apurar casos de crimes sexuais contra crianças e adolescentes no Amazonas. A questão veio à tona depois que o programa fantástico, da Rede Globo de Televisão, reprisou denúncias contra o prefeito de Coari, Adail Pinheiro.
Ao ser informado, em Manaus, das declarações de Nilciara, Luiz Castro, através de sua assessoria, declarou que os casos de Parintins serão parte do pedido de CPI na ALE.
Segundo a assessoria, Castro vai solicitar todas as informações sobre o assunto em Parintins, haja vista as investigações até agora realizadas pela polícia, terem chegado a poucos envolvidos. Há suspeitas de o número de pedófilos ativos, agenciadores e agenciadoras da prostituição infanto-juvenil ser muito maior na Terra do Boi Bumbá. O Deputado busca reunir sete assinaturas para aprovação da CPI da Pedofilia no retorno dos trabalhos legislativos da Assembleia do Estado.
Segundo a conselheira tutelar, Nilciara Barbosa, Parintins é uma cidade onde existem vários casos de rede de exploração sexual.
Barbosa assegura existirem graves denúncias envolvendo também autoridades do município. Crianças entre 11 a 14 anos são as principais vítimas dessa rede. Em grande parte dos casos os pais são sabedores. As investigações acontecem há mais de três anos.
Sem citar nomes, Nilciara diz ter ouvido de uma menor a denúncia de uma rede de pedofilia que envolve autoridades que vêm ao município. “Essa menor morreu ano passado e a morte dela foi atestada como overdose, mas tenho dúvidas. Parintins é uma cidade que não deve se assustar com o caso de Coari”, diz Nilciara.
Outra denúncia sobre abuso decriança e adolescentes é o envolvimento de professores. Constantemente têm chegado aos conselheiros denúncias por estupro ou outras formas de abuso sexual.
Na opinião da conselheira, a falta de estrutura e o número reduzido de provas que possam incriminar os acusados são responsáveis pela lentidão da Justiça.
Mulheres
Enquanto isso, a militância da Marcha Mundial das Mulheres prepara uma mobilização social para mostrar indignação à prática da pedofilia em Parintins e no Amazonas. De acordo com a educadora Fátima Guedes, ativista da Marcha, “o movimento vem acompanhando o caso do prefeito de Coari, Adail Pinheiro, e as mulheres de Parintins, comprometidas com a vida, não vão se omitir diante da onda de abuso sexual contra crianças e adolescentes”.
Para a ativista social, “ações como a do prefeito de Coari e a omissão das autoridades do Judiciário diante das provas envergonham o país e geram indignação. A CPI é bem vinda. Só o compromisso dos órgãos, das entidades, dos políticos e do movimento popular será capaz de por na cadeia os graúdos que pagam a liberdade com o dinheiro que roubam do povo”.
Um abaixo-assinado será encaminhado ao Tribunal de Justiça e a outras instâncias do Judiciário.
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*Do jornal Plantão Popular (de Parintins), publicado no AMAZONAS ATUAL com autorização do editor-chefe Floriano Lins.