Da Redação
MANAUS – O Cimi (Conselho Indigenista Missionário) pediu a demissão imediata do tenente da reserva do Exército Henry Charlles da Silva do cargo de coordenador regional da Funai (Fundação Nacional do Índio) no Vale do Javari, no Amazonas. Em nota, a entidade repudia e classifica como criminosas as declarações do coordenador que encorajou líderes do povo Marubo a disparar contra indígenas isolados caso sejam “importunados” por eles, segundo áudio obtido pelo jornal Folha de S.Paulo.
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No comunicado, o Cimi afirma que em reunião no dia 23 de junho Henry Charlles incentivou indígenas do povo Marubo, na aldeia Paulinho, no Rio Ituí, na Terra Indígena Vale do Javari, à violência com uso de armas de fogo contra um grupo indígena isolado. A denúncia, acompanhada do áudio com as declarações do tenente, foi feita por lideranças e organizações indígenas da região.
“Queixando-se da inoperância da Frente de Proteção Etnoambiental da própria Funai diante dos insistentes apelos das lideranças indígenas para ajudar na mediação de uma situação conflitiva gerada pela presença de indígenas isolados na proximidade da aldeia Paulino, o coordenador regional ameaçou ‘junto com os Marubos, meter fogo nos isolados’”, diz trecho da nota.
Para o Conselho Indigenista Missionário, a fala é abominável por encorajar indígenas a usar armas uns contra os outros para resolver os conflitos e “por serem feitas por um servidor público que ocupa um cargo de chefia na Funai e que, portanto, tem como função institucional proteger os povos indígenas e as terras que ocupam”.
A entidade avalia que o episódio mostra total desconhecimento sobre a forma de ocupação territorial dos povos do Vale do Javari, região onde há pelo menos quinze povos em situação de isolamento, e total despreparo do tenente para ocupar o cargo.
“É necessária a imediata demissão do tenente Henry Charlles Lima da Silva da Coordenação Regional da Funai no Vale do Javari. Sua permanência representa uma grave e continuada ameaça aos povos indígenas da região, em especial aos isolados, e torna o governo corresponsável por suas declarações de incentivo à violência e ao genocídio”, afirma.
O Conselho e a Equipe de Apoio aos Povos Indígenas Livres, vinculada à entidade, reforçam o pedido da Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia) feito ao MPF (Ministério Público Federal) para abertura de inquérito para investigar o crime de genocídio contra indígenas isolados e para determinar o afastamento imediato de Henry Charlles.
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