Do ATUAL
MANAUS – Cobrança de postura no caso da vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em 2018, gerou acusações de “falta de compromisso” e “despreparo” entre os pré-candidatos a prefeito de Manaus Capitão Alberto Neto (PL) e Marcelo Amil (Psol) em debate promovido na última sexta-feira (12) na sede da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em Manaus.
Questionado por Amil sobre voto a favor do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), preso por suspeita de mandar matar Marielle, Alberto Neto respondeu: “Eu nem conheço o deputado Chiquinho Brazão, eu quero que o assassino de Marielle apodreça, mas eu tenho que respeitar a Constituição Federal”.
O debate começou com o deputado federal questionando Marcelo Amil sobre propostas para resolver problemas de mobilidade urbana na capital amazonense. Amil fez referência e criticou o voto do adversário, que foi contra a prisão do deputado Chiquinho Brazão.
O pré-candidato do Psol afirmou que o parlamentar não tem “compromisso com aquilo que defende a vida inteira” e que, a exemplo da conduta de Alberto Neto, a “mudança de postura é a raiz de todos os problemas de Manaus”.
“Nós precisamos de governantes em Manaus que mantenham um compromisso com aquilo que defendem e que não relativizem suas opiniões. Não é saudável para a administração de uma cidade, por exemplo, ter um gestor que passa a vida inteira – eu vou dar um exemplo aéreo aqui – criticando a audiência de custódia e no momento em que tem a chance de manter preso um assassino que mandou matar uma mulher preta você vota pra ele sair da cadeia”, disse Amil.
“Isso é mudança de postura, falta de compromisso com aquilo que defende a vida inteira. Esse tipo de postura é a geração de todos os outros problemas. Quando está disputando a eleição, vai lá no Tancredo Neves e fala ‘vou cuidar de vocês. Vou cuidar dos problemas de Manaus’. Quando assume a prefeitura, muda o paradigma, muda a postura”, completou Amil.
Ao votar contra a prisão, Alberto Neto alegou estar seguindo a Constituição da República, que prevê que parlamentares só podem ser preso em flagrante por crimes inafiançáveis. Marcelo Amil, no entanto, afirmou que não houve flagrante, mas identificação de existência de organização criminosa, que é um “crime permanente”.
Ao ser cobrado sobre o voto contra a prisão de Chiquinho Brazão, Alberto Neto afirmou que Amil estava fugindo do tema e mostrava despreparo para o debate. “O candidato foge de falar de infraestrutura. Mostra que está despreparado para o debate. Quer fazer uma polêmica sobre um voto no meu mandato de deputado federal. Mas, não tenho vergonha nenhuma porque eu defendo a Constituição Federal, coisa que ele como advogado deveria estar defendendo o mesmo, e não fazer um oportunismo político”, afirmou o deputado.
“Nós temos que estar aqui falando sobre os problemas da nossa cidade. A gente não aguenta mais essa… trazer polêmica, polêmica, polêmica. A pessoa da vida real está saindo agora do trabalho e está enfrentando um congestionamento enorme porque não teve investimento nenhum em infraestrutura. E o candidato vem trazer uma polêmica que não cabe, não é o momento desse debate”, completou Alberto Neto.
Mencionando o presidente da OAB Nacional, Beto Simonetti, o pré-candidato do PL afirmou que o relator do caso Marielle, ministro Alexandre de Moraes, tem “cometido arbitrariedade”. Ele não disse quais. Moraes também relata investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Alberto Neto.
Amil chamou Chiquinho Brazão de “marginal” e rebateu a alegação de Alberto Neto. “Ele não está preso por ter mandado matar Marielle. Ali não teve flagrante. Ele está preso porque a polícia identificou que ele é membro de uma organização criminosa e isso é um crime permanente. A deputado Érica Hilton foi muito feliz dizendo que quem votou para tirar ele estava com medo desse precedente”, afirmou Amil.