MANAUS – A Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa da Assembleia Legislativa do Estado aprovou um convite ao ex-secretário da Seinfra (Secretaria de Estado de Infraestrutura) Gilberto de Deus para falar das denúncias que fez referente a pagamentos indevidos em obras do Governo do Estado. A solicitação foi feita por requerimento apresentado pelos deputados José Ricardo Wendling (PT), Luiz Castro (Rede), Alessandra Campêlo (PCdoB), Vicente Lopes (PMDB) e Wanderley Dallas (PMDB).
Na semana passada, Gilberto de Deus afirmou, em entrevista à imprensa, que fez um levantamento na secretaria e constatou uma série de irregularidades em contratos de obras e serviços, como pagamentos de obras não realizadas; contratação de empresas para fazer projetos básicos e executivos a custos elevadíssimos para apresentarem “projetos montados”; e pagamento por serviços de fiscalização de obras desnecessários. De acordo com o levantamento, as irregularidades podem ter resultado em prejuízo de mais de R$ 100 milhões para o Estado.
Uma das irregularidades apontadas é a construção da Ponte do Pera, no município de Coari, com contrato de R$ 11,2 milhões. Já foi pago R$ 9 milhões, mas não foi feito nem R$ 1,5 milhão. Outro caso citado pelo ex-gestor foi o pagamento de R$ 26 milhões para a empresa CR Almeida pela obra do monotrilho em Manaus, sem que haja qualquer serviço que justifique o valor pago.
“Estamos falando de recursos públicos, que poderiam estar sendo investidos na educação, na saúde e na segurança, mas que supostamente estão indo parar nas mãos de empreiteiras que ainda por cima não realizam as obras. A Assembleia não pode ficar omissa diante destas graves denúncias”, expôs o deputado José Ricardo.
Além do pagamento de obras não realizadas, foi denunciado a falta e mesmo o improviso na elaboração dos projetos básicos, o que tem levado o Governo do Estado a fazer aditivos milionários. “Estamos na luta aqui na Assembleia Legislativa para instalar uma CPI para apurar essas denúncias. Este mau uso do dinheiro público não pode ficar sem explicação. Já conseguimos assinaturas de cinco deputados que concordam com a instalação da investigação. Esperamos adesão de mais parlamentares, já que todos afirmam ser contra as práticas de corrupção. Vamos ver quem estará ao lado do povo!”, ressaltou.
O convite não obriga o ex-secretário a comparecer à Assembleia Legislativa. Ele pode aceitar ou rejeitar.