
Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – Com lições aprendidas na assoladora estiagem de 2023, o Amazonas “driblou” os riscos de recessão na seca histórica de 2024 e alcançou resultados positivos na economia, especialmente no PIM (Polo Industrial de Manaus), que registrou o melhor faturamento dos últimos seis anos e mais empregos. O PIB do estado, no entanto, foi o mais baixo nos últimos quatro anos: R$ 125 bilhões.
Os dados do cenário econômico amazonense do ano passado constam no Relatório de Avaliação do Plano Plurianual 2024/2027 – Exercício de 2024, enviado pelo governador Wilson Lima (União Brasil) à Assembleia Legislativa do Amazonas. O objetivo é “tornar público o resultado das ações contidas em seus respectivos programas e executadas no exercício de 2024”.
O documento traz informações sobre as atividades econômicas do PIM, a balança comercial do estado e a arrecadação. O relatório também indica fatores que impactam nos resultados econômicos, como as duas maiores estiagens da história do estado nos últimos 120 anos, registradas em 2023 e 2024.
“O Amazonas, mesmo com uma estiagem recorde, apresentou resultados excelentes, muito graças a ações do governo para lidar com os efeitos de uma estiagem maior que a de 2023” diz o relatório.
“O Polo Industrial de Manaus registrou recorde no faturamento para toda a série histórica de 2017 a 2024. Isso também se refletiu tanto no comércio exterior, com recordes nas importações, quanto a aumentos na arrecadação, tanto no setor comercial quanto industrial”, diz outro trecho do relatório.
Polo Industrial de Manaus
Os dados apontam que em 2024 o Polo Industrial de Manaus faturou R$ 204 bilhões, quase o dobro do valor alcançado em 2019 (R$ 104 bilhões). O faturamento foi 16,2% maior que em 2023 (R$ 175,8 bilhões), que registrou queda em relação a 2022 (R$ 178,1 bilhões).
Para o Governo do Amazonas, o faturamento em 2023 foi afetado com a estiagem que chegou a ser a maior nos últimos 121 anos, atingindo 637 mil pessoas, mas que foi superada pela seca de 2024. O abastecimento do estado é feito, em grande parte, através de embarcações.
O Rio Amazonas, única rota dos navios de grande porte que trafegam pelo Oceano Atlântico, ficou com alguns trechos prejudicados. Os navios não conseguiam chegar até Manaus. Como alternativa, empresas usaram balsas para trazer insumos deixados por navios em portos no Pará.
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“Enquanto em 2023 o PIM enfrentou dificuldades relacionadas a uma estiagem histórica, em 2024, apesar de enfrentar uma outra estiagem maior que a do ano anterior, ações tomadas pelos governos federal e estadual garantiram a não paralisação das atividades, assegurando também o maior faturamento em 6 anos”, aponta o documento.
Entre as ações adotadas estão as dragagens em trechos críticos, como o Tabocal e Foz do Madeira, adotadas pelo governo federal. O Governo do Amazonas também concedeu licenças para a instalação de dois portos provisórios, entre Itacoatiara e a enseada do Rio Madeira.
Apesar dos desafios, o número de empregos diretos no PIM em 2024 foi o melhor nos últimos seis anos: 123.185 postos de trabalho. Em 2023 as fábricas tinham 113.420 trabalhadores. No ano anterior, 111.279; em 2021, 105.972; em 2020, 94.755; e em 2019, 89.774.
Os bens de informática puxaram o faturamento do PIM, com R$ 47,1 bilhões (23% do faturamento). Os eletroeletrônicos e o polo de Duas Rodas também alavancaram o resultado, com R$ 36,8 bilhões e R$ 36,4 bilhões, respectivamente. O setor de termoplástico faturou R$ 20,1 bilhões e o químico, R$ 18,0 bilhões.
Apesar do bom desempenho do PIM, o PIB do Amazonas foi o menor dos últimos quatro anos: R$ 145 bilhões. É o 16º PIB entre os estados brasileiros.

A corrente de comércio, que é soma das exportações e importações, em 2024 foi de US$ 17 bilhões, a maior para toda a série desde o ano 2017. Como nos anos anteriores, o Amazonas mais importou do que exportou.
“Esse resultado foi devido em grande parte às ações do governo para mitigar os efeitos da baixa dos rios, o que garantiu a continuidade no trânsito de mercadorias”, diz o relatório.
As exportações no ano de 2024 registraram o total de US$ 970,4 milhões, o que representou um crescimento de 5,17% em relação a 2023. Quanto às importações, mesmo com a seca, alcançaram o valor de US$ 16 bilhões, um aumento de 27,83% em relação a 2023 e valor recorde (maior em toda a série desde 2017).


Entre os produtos mais exportados pelo Amazonas estão “outras preparações alimentícias” (US$ 197,5 milhões) e “ouro em outras formas semimanufaturadas (US$ 155,3 milhões). Também consta na lista “Processadores e controladores” (US$ 1,7 bilhão) e “outros suportes gravados, para reprodução de fenômenos diferentes de som e imagem” (US$ 1.,4 bilhão).
Municípios
Em 2024, dos 62 municípios amazonenses 14 foram exportadores. Manaus concentrou cerca de 87,84% de todas as exportações realizadas no estado.
Entre as cidades do interior, Presidente Figueiredo lidera o ranking com exportação de “Ferros-Ligas” (US$ 105,3 milhões). Itacoatiara aparece em segundo, com a “Soja” (US$ 19,0 milhões); e Iranduba em terceiro, com madeira (US$ 2,5 milhões).
Manacapuru exporta mais “Peixes congelados” (US$ 2,5 milhões); e Tefé, “Cocos, castanha do Brasil e castanha de caju, frescos ou secos, mesmo sem casca ou pelados” (US$ 1,7 milhões).
Na importação, Itacoatiara foi quem mais importou, sendo o principal produto comprado os derivados de petróleo (US$ 125,5 milhões). Silves, que explora gás natural e que vai abrigar usinas termelétricas, comprou mais “grupos eletrogêneos e conversores rotativos, elétricos” (US$ 63,7 milhões).
Coari importou US$ 7,9 milhões em “Turborreatores, turbopropulsores e outras turbinas a gás”; Iranduba US$ 2,1 milhões com “Chapas e tiras de alumínio, de espessura superior a 0,2 mm; e Nova Olinda do Norte, US$ 3,3 milhões com aeronaves.
Arrecadação
A arrecadação tributária no Amazonas em 2024 atingiu R$ 18,3 bilhões, de acordo com a Sefaz, acumulados entre impostos e taxas. Esse valor indica um crescimento na atividade econômica superior ao ano anterior, cujo valor foi de R$ 16,4 bilhões.
“A estiagem vivida em 2024, mais severa que a de 2023, não impediu um aumento considerável na arrecadação do Estado, muito graças às ações tomadas pelo governo no sentido de reduzir os impactos sobre a navegação. O volume da arrecadação, no comparativo com o ano anterior, apresentou alta de 11,8 %”, diz o relatório.
O ICMS respondeu em 2024 por 84,2% do volume arrecadado em impostos, atingindo R$ 15,6 bilhões.
“A arrecadação de ICMS da Indústria em 2024 chegou aos R$ 6,6 bilhões, enquanto em 2023 o valor arrecadado foi de R$ 5,4 bilhões, o que representa um aumento de 20,7%. O Comércio saiu de R$ 7,5 bilhões em 2023 para os R$ 7,6 bilhões em 2024, um aumento de apenas 2,0%”, aponta o relatório.
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