Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – A seca dos rios no Amazonas em 2023, que alcançou o nível mais baixo em 121 anos, causou a queda de 2,24% no faturamento do PIM (Polo Industrial de Manaus), o pilar da economia amazonense, mas, ainda assim, o estado registrou crescimento nas atividades econômicas. A exportação em todo o estado cresceu 1,9% ao mesmo tempo em que a importação caiu 4,5%.
Os dados da economia amazonense constam no “Relatório Anual de Avaliação Exercício 2023”, da Sedecti (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico). O documento foi enviado no dia 22 de março à Assembleia Legislativa do Amazonas como uma “prestação de contas à sociedade sobre o desempenho de programas e ações realizadas pelo Governo”.
De acordo com o Governo do Amazonas, a seca prejudicou principalmente o abastecimento de insumos para o PIM. O Rio Amazonas, única rota dos navios de grande porte que trafegam pelo Oceano Atlântico, ficou com alguns trechos prejudicados. Os navios não conseguiam chegar até Manaus. Como alternativa, empresas usaram balsas para trazer insumos deixados por navios em portos no Pará.
No PIM, o faturamento alcançou R$ 161 bilhões em 2023 (dados de janeiro a novembro). No ano anterior, foram R$ 177,9 bilhões.
Os bens de informática e os eletroeletrônicos foram os principais produtos exportados, alcançando, respectivamente, US$ 39,5 bilhões e US$ 30,3 bilhões. O setor de duas rodas faturou R$ 28,5 bilhões; o de termoplástico, R$ 13,5 bilhões; e o de produtos químicos, R$ 16,0 bilhões.
Apesar da queda no faturamento, o PIM registrou aumento dos postos de trabalho, que foram de 94.670 em 2022 para 96.967 no ano passado. O número em 2023 foi superior à quantidade dos últimos cinco anos. As empresas pagaram R$ 3,6 bilhões em salários e R$ 4,3 bilhões em encargos.
Na balança comercial, que abrange todo o estado, a exportação alcançou US$ 922,7 milhões, alta de 1,9% em relação a 2022 (US$ 903,8 milhões), mas a importação caiu 4,5% e movimentou US$ 12,6 bilhões (em 2022 foi US$ 14,1 bilhões).
Entre os principais produtos nas exportações, o destaque foi “outras preparações alimentícias”, com US$ 192,1 milhões. Nesse grupo estão a preparação para elaboração de bebidas, caramelos, confeitos, pastilhas, pós para preparações de cremes, sorvetes, flans, gelatinas e gomas de mascar.
Motocicletas também impulsionaram os números de exportação. Elas movimentaram US$ 110,6 milhões em 2023.
Em relação às importações, os produtos mais comprados foram processadores e controladores (R$ 1,5 bilhão). Produtos como cartão de memória e alarmes faturaram R$ 968,8 milhões; óleos de petróleo, R$ 907,5 milhões; e outros circuitos integrados eletrônicos, R$ 567,2 milhões.
Quatorze municípios foram exportadores, sendo Manaus o principal. A capital amazonense concentrou cerca de 87,84% de todas as exportações realizadas no estado.
Presidente Figueiredo se destaca com a produção de ferros-ligas (US$ 75,04 milhões), Itacoatiara com soja (US$ 26,41 milhões), Iranduba com madeira perfilada (US$ 5,09 milhões), Manacapuru com extratos de malte (US$ 1,01 milhões), e Tabatinga com cimentos hidráulicos (US$ 857,3 mil).
De acordo com o Governo do Amazonas, a seca se refletiu também na arrecadação, que sofre influência da produção das empresas no PIM. Mesmo com o crescimento de 4,15% em relação a 2022, a arrecadação do setor industrial caiu 16,2%, sendo compensado pelo aumento do comércio (20,2%).
A arrecadação da receita tributária no Amazonas em 2023 atingiu R$ 16,4 bilhões, acumulados entre impostos e taxas. “Esse valor indica um crescimento na atividade econômica inferior ao ano anterior”, afirmou o governo estadual. O ICMS representa 86,50% do volume arrecadado em
impostos, atingindo R$ 14,2 bilhões.