Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Com diversas tentativas frustradas de acessar o celular do ex-prefeito de Nhamundá Mário Paulain (MDB), investigado por suspeita de compra de votos a favor do governador Wilson Lima (PSC) nas eleições de 2018, a Polícia Federal, ao extrair dados do cartão SIM do celular apreendido, encontrou apenas 12 contatos telefônicos. A defesa de Lima pediu a extinção do processo sobre a cassação do mandato do governador e a de Amazonino Mendes, autor da ação, quer que a PF faça nova perícia no celular e quebre o sigilo telefônico de Paulain.
Os dados extraídos do chip do celular do ex-prefeito são apenas números telefônicos pré-instalados pela própria operadora, como ambulância, bombeiros, defesa civil, polícia e serviços da Vivo, conforme consta no relatório obtido pelo ATUAL.
A demora na revelação do conteúdo aumentou a expectativa dos advogados, mas, ao ser publicado, provocou reações “céticas” e análise de que as provas periciais são “infrutíferas”. Os dados retirados desse chip não foram publicados com a perícia no último dia 25 de julho porque, segundo o TRE-AM (Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas), o formato do arquivo era incompatível com o sistema de processos da Justiça Eleitoral.
“Cético”
Ao verificar que a PF havia encontrado apenas 12 contatos telefônicos no cartão SIM, Yuri Dantas, que é advogado de Amazonino, afirmou que é “cético” em relação ao resultado da perícia da PF porque “é muito difícil crer – e até mesmo sustentar – que indivíduo com grande atuação política no Estado do Amazonas”, como é o ex-prefeito Mário Paulain, “tenha, entre todos os contatos salvos na agenda do celular apenas 12 números”.
Ao pedir nova perícia, o advogado disse que quer ter acesso aos dados do Whatsapp e Telegram do ex-prefeito e aos registros de chamadas realizadas e recebidas entre o início e o fim do período eleitoral. Caso a Polícia Federal do Amazonas não tenha mecanismos ou equipamentos para acessar o celular, Dantas pediu que o aparelho seja encaminhado para a Polícia Federal no Distrito Federal.
Sobre a quebra de sigilo telefônico de Paulain, o advogado de Amazonino quer que todas as operadoras que atuam em Nhamundá informem se há números telefônicos registrados com o CPF de Paulain. Caso confirmada a existência, a defesa de Amazonino quer que as operadoras encaminhem as informações no prazo de 15 dias.
“Prova infrutífera”
A advogada Maria Benigno, que representa o governador Wilson Lima, pediu a extinção do processo porque, segundo ela, a prova pericial é “infrutífera”. A advogada sustenta que “a tentativa de insistir em acessar o conteúdo extraído é diligência inócua”, pois, segundo ela, a PF concluiu que as informações extraídas do cartão SIM “podem não corresponder à realidade”.
Benigno também alegou que houve “ilicitude de provas”, pois o suposto flagrante de compra de votos partiu de “suposta denúncia anônima” e “inexiste qualquer indício de que efetivamente tenha ocorrido uma denúncia anônima”. “Frise-se, por importante, que nenhum elemento indiciário ou probatório instruiu a diligência, sequer o horário, a forma como recebida ou registrada tal denúncia”, afirmou a advogada.
Luciana da Costa, advogada de Mário Paulain, afirmou que, conforme a perícia da Polícia Federal, não há quaisquer informações relevantes para a ação de Amazonino Mendes. “Não há indícios que possam corroborar as alegações trazidas na exordial, pelo que reitera a contestação apresentada em todos os seus termos”, sustentou Costa.