
Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Perícia da Polícia Federal no celular do ex-prefeito de Nhamundá Mário Paulain, preso no dia 7 de outubro de 2018 por suposta compra de votos a favor do governador Wilson Lima (PSC), concluiu que “foram utilizadas diversas técnicas periciais visando obter acesso às informações existentes no aparelho”, mas não conseguiu acessar mensagens e ligações porque o aparelho estava bloqueado por senha. De acordo com o perito criminal federal Bruno Garbe Júnior, a Polícia Federal conseguiu apenas extrair arquivos de dois cartões SIM card.
Conforme relatório, elaborado no dia 4 de abril, ao fazer o exame do aparelho celular a Polícia Federal verificou “que o aparelho examinando encontrava-se bloqueado por senha, não permitindo o acesso a suas informações”. O perito disse que tentou outras técnicas periciais “visando obter acesso às informações existentes no aparelho”, mas não conseguiu êxito nesse objetivo.
O perito da Polícia Federal diz em relatório que após as tentativas frustradas de acessar o conteúdo do celular de Mário Paulain “iniciou-se então o processo forense de extração do conteúdo dos cartões tipo SIM”. No entanto, o mesmo relatório diz que “somente as informações fornecidas pelas respectivas operadores de telefonia celular podem ser usadas com fidedignidade para comprovar datas e horários relativos a ligações para (ou de) um determinado número”.
“Cumpre informar que se pode solicitar às operadores de telefonia móvel o CDR (Call Details Records) das chamadas realizadas e recebidas pelo respectivo IMSI no período desejado, a fim de se obter uma relação mais fiel dessas chamadas, uma vez que os dados recuperados a partir das memórias analisadas podem ter sido sobrescritos ou apagados pelo proprietário”, diz trecho do relatório.
A PF afirma que “em razão da grande quantidade de dados armazenados na memória do aparelho e da impossibilidade de gravá-los integralmente na mídia ótica anexa, não foram incluídos no relatório gerado alguns arquivos como filmes, vídeos comerciais, músicas comerciais, imagens e arquivos do sistema operacional”.
O relatório conclui com o seguinte trecho: “Nada mais havendo lavrar, o perito criminal devolve todo o material examinado, lacrado sob n° 01001342194, e encerra o presente laudo que, elaborado em quatro páginas e um anexo em mídia ótica, lido e achado conforme, assina”.

Denúncia
De acordo com o inquérito policial, Mário Paulain foi preso no dia 7 de outubro de 2018 na Pousada Tucunaré, em Nhamundá. Com o ex-prefeito, os policiais civis apreenderam material de campanha de diversos candidatos, entre eles, Wilson Lima, R$ 2,2 mil, recibos comerciais com valores entre R$ 50,00 e R$ 1,5 mil registrados como “pagamento de equipe” e a identidade e o título de Jean Leal de Castro.
Durante revista no quarto, a polícia também encontrou duas pessoas e uma criança de colo dentro do banheiro. Segundo os advogados de Amazonino, elas afirmaram que entraram na pousada para ‘beber água’ e, quando a polícia chegou, com medo, “esconderam-se aleatoriamente no banheiro do quarto” de Paulain, a quem afirmaram não conhecer.
De acordo com a coligação Eu Voto no Amazonas, Jean de Castro, cujos documentos foram apreendidos pela Polícia Civil, tinha função de controlar do lado de fora as pessoas que entravam no quarto de Paulain para receber dinheiro em troca de voto. “Os dois mantinham conversa por intermédio do celular que foi apreendido exatamente para esse fim”, diz trecho da representação.
Sobre os materiais de campanha de Amazonino, a defesa do pedetista afirma que Paulain “já tinha alguns álibis pré-construídos, caso viesse a ser flagrado”. O primeiro seria “a suposta peregrinação de pessoas para ‘beber água’ em seu apartamento.
Durante a revista da Polícia Civil no apartamento, Paulain teria sacado de “algum lugar” duas bandeiras contendo a imagem do então candidato a reeleição Amazonino Mendes e do candidato a deputado federal Gedeão Amorim. “E cuidou de desfraldar a bandeira para que ficasse ostensivamente visível, numa tentativa de enganar tanto as pessoas que vissem a apreensão quanto a autoridade policial”, afirmam os advogados de Amazonino.