Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Alejandro Valeiko, réu no processo que investiga a morte do engenheiro Flávio Rodrigues, 42, recorreu ao STF (Supremo Tribunal Federal) para suspender o prazo para apresentação de resposta à acusação até que seja concedido a defesa dele o acesso amplo aos elementos de prova colhidos durante as investigações.
O mesmo pedido já havia sido negado pelo juiz Celso Souza de Paula, da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Manaus, no último dia 27 de outubro. O magistrado afirmou que “não há razão para essas tentativas de procrastinação, uma vez que a denúncia já foi formulada e é em relação a ela que a resposta escrita deve ser elaborada”.
No STF, a defesa de Valeiko sustenta que o juiz quer obrigar o réu a apresentar resposta à acusação “às cegas”. Isso porque, segundo ela, ao mesmo tempo em que determinou que o Ministério Público disponibilize “importantes elementos de prova” aos advogados dos réus, também deu 10 dias para que Alejandro e outros dois apresentem defesa por escrito.
A defesa quer suspender esse prazo até que tenha acesso ao laudo de reprodução simulada dos fatos, resultado do exame de material biológico, dados telemáticos cujos sigilos foram quebrados, interceptações telefônicas, conteúdos de celulares e outros equipamentos de informática e documentos apreendidos.
Os advogados de Valeiko acusam o Ministério Público e a Polícia Civil de guardarem para si as provas obtidas, impedindo a defesa de “conhecê-las na sua integralidade”. Segundo a defesa, embora as medidas cautelares tenham sido cumpridas em novembro e dezembro de 2019, os elementos de prova não foram apresentados.
“É preciso dizer: há algo muito estranho no fato de tais provas terem sido produzidas a tanto tempo, quase um ano, e até agora o Ministério Público resista em juntá-las aos autos… permitindo à Defesa supor que sirvam sim e muito à prova da inocência de Alejandro. Do contrário, se tivessem cunho acusatório, já teriam sido juntadas”, afirma a defesa.
Para os advogados, o acesso às mídias é necessário para verificar se Alejandro ligou para terceiros irem até a casa dele no dia em que ocorreu o crime, como descreve o Ministério Público na denúncia, e se é verdadeira a confissão de Mayc Vinícius Parede de que supostamente praticou o crime sozinho.