MANAUS – Uma vez um candidato a prefeito de Manaus repetiu à exaustão durante a campanha eleitoral um bordão que ficou na cabeça do eleitor: “Prometer e não cumprir é pior do que mentir”. Desde então, o eleitor passou a ficar mais atento às promessas de campanha, e desapareceram as propostas de coisas grandiosas, mesmo que necessárias, nas campanhas a prefeito de Manaus.
Na campanha eleitoral deste ano, as propostas dos candidatos a prefeito têm sido genéricas, e temas considerados cruciais para uma cidade de mais de 2 milhões de habitantes ficam de fora das campanhas.
Um desses temas é o transporte coletivo urbano. Manaus tem um sistema de transporte dos mais precários do Brasil. E não há candidato com proposta que pelo menos aponte para um sistema mais adequado.
O sistema de transporte coletivo de Manaus nunca saiu do limbo. Mas começou a derreter nos últimos anos com a chegada do transporte por aplicativo. A perda de passageiros registrada desde o fim da década de 1990 (não se sabe se a informação era verdadeira, porque concentrada nas mãos dos empresários, que tinham interesse em elevar a tarifa), deu um salto.
O usuário do transporte coletivo prefere pagar uns R$ 2 a mais e viajar de carro em trajetos curtos. O ônibus fica apenas para as longas distâncias.
Isso é um indicativo de que precisamos avançar para um modal de transporte que encurte o tempo de viagens de longa distância. E não vai ser com o atual modal que Manaus vai sair do limbo.
Um administrador ousado começaria a trabalhar para criar, pelo menos, um metrô de superfície. Manaus precisa de um projeto de transporte sério, que vá além de uma gestão de 4 anos.
A alegação é sempre a mesma: não há dinheiro para fazer. Em tempos bem mais difíceis, a humanidade fez obras gigantescas e perenes. Atualmente, só os homens de visão de futuro são capazes de fazer coisas grandes. Neste sentido, falta ousadia aos candidatos, falta visão de futuro, falta respeito ao eleitor. Por enquanto, as propostas que têm apresentado é para deixar tudo como está.