Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – Candidatos no Amazonas dançam, literalmente, conforme o jingle. As “dancinhas” no estilo Tik Tok são parte da estratégia para chamar a atenção do eleitor. Nas redes sociais, apresentam coreografias acompanhadas das músicas de campanha em cenários conhecidos em Manaus como a praia da Ponta Negra e praças no Centro Histórico.
Omar Aziz (PSD), candidato à reeleição ao Senado, divulgou no Instagram vídeo em que jovens ensinam uma dança. A coreografia é acompanhada do funk “Desenrola Bate Joga de Ladinho”, do grupo musical Os Havaianos, que fez sucesso no Tik Tok e Reels do Instagram. A letra da música foi alterada para incluir o número do candidato, inserido também nos passos ensinados.
Wilson Lima (União), candidato à reeleição a governador do Amazonas, também usa as coreografias para divulgar o número da urna eleitoral. O vídeo de apenas 30 segundos ensina uma coreografia simples e repetitiva. Ao final inclui uma narração com a voz eletrônica do Google, recurso comum em vídeos do tipo.
O senador Eduardo Braga (MDB), candidato a governador, arrisca o primeiro passo da dança no Twitter. A coreografia combina passos do clipe “Ta Tranquilo Ta Favorável”, de MC Bin Laden, que fez sucesso em 2017, e outros usados por fãs da banda “Os Barões da Pisadinha”.
Adail Filho (Republicanos), ex-prefeito de Coari e candidato a deputado federal, é familiarizado com as dancinhas. Antes de oficializar a candidatura para as eleições 2022, Adail já usava os vídeos coreografados com músicas que estavam em alta no Tik Tok e Instagram como estratégia de campanha quando apoiou Keitton Pinheiro, eleito prefeito de Coari em 2021.
Acompanhado ou sozinho, Adail costuma alimentar as redes sociais com vídeos desse tipo em uma espécie de quadro semanal, o “#sextou”.
O cientista político Helso Ribeiro afirma que usar tendências das redes sociais é algo visto em eleições anteriores para atrair o público em geral. Helso afirma que a cada eleição há um renovação de acordo com o hit do momento.
“Eu não vejo com estranheza o uso desse tipo de recurso. Eu penso que é uma estratégia de marketing. Eu só lamento que em muitas ocasiões esse tipo de comportamento supere em tempo o momento que o político teria que estar mostrando o plano de governo para que a população tivesse consciência de quem em vai votar”, criticou.
O cientista político explica que o eleitorado é heterogêneo e por isso estratégias como essa geram opiniões diferentes. “Eu, particularmente, acredito que essa estratégia de marketing pega um público. Isso tem estudos, senão eles não fariam. Agora, se um dia for cobrir a eleição no Canadá, Alemanha, França, Japão, qualquer país democrático tradicional eles riem quando veem a propaganda brasileira”, disse.