Por Bruno Lucca, da Folhapress
SÃO PAULO – Brasileiros preferem utilizar carros por aplicativo a serviços públicos de transporte. A conclusão é de uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria e divulgada nesta quinta-feira (10).
Segundo o levantamento, 64% dos usuários consideram o serviço oferecido por empresas como Uber e 99 como boas ou ótimas. O segundo meio melhor avaliado é o metrô, com 58% de aprovação. Na sequência, aparecem trem, táxi e ônibus – este fica em último lugar, com 29% de avaliações positivas.
No quesito custo-benefício, o transporte privado também lidera. A maioria considera ser mais vantajoso viajar com os motoristas de aplicativo a enfrentar outras formas de locomoção.
Foram entrevistadas 2.019 pessoas, acima de 16 anos, economicamente ativas em cidades do país com mais de 250 mil habitantes. O questionário circulou entre 1º e 5 de abril deste ano. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.
Apesar da preferência pelos automóveis, o ônibus é o meio de transporte coletivo mais frequentemente utilizado pela população – metade dos entrevistados usam o modal diariamente.
É também o coletivo a carregar maior quantidade de reclamações. Falta de segurança, excesso de passageiros, frota insuficiente e atrasos são os problemas mais citados.
Insatisfação quanto à gestão pública de mobilidade urbana é ainda evidenciada pela pesquisa. Para 57% dos entrevistados, o planejamento dos governos municipais e estaduais é insuficiente. Já 24% responderam estar na média. Por fim, somente 16% julgam haver organização avançada.
Wagner Cardoso, gerente-executivo de infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria, diz ser imprescindível que o poder público priorize a atualização da Política Nacional de Mobilidade Urbana [Lei Nº 12.587/2022]. Assim, afirma ele, cidades teriam condições de “elaborar bons projetos e acessar recursos a fim de melhorar o transporte público, com tanto impacto na qualidade de vida do brasileiro”.
Publicado em maio, estudo do mesmo grupo apontou ser preciso ao Brasil investir R$ 295 bilhões até 2042 em mobilidade urbana nas 15 principais regiões metropolitanas do país. A quantia equipararia a infraestrutura de transportes desses municípios aos padrões da Cidade do México e Santiago, no Chile, referências na América Latina.
Maior parte do montante precisaria, afirmam os pesquisadores, ser destinada para expansão de linhas de metrô. Este o segundo meio favorito dos brasileiros e o mais elogiado por pontualidade e limpeza.
“Para o usuário, uma variável importante é a confiabilidade, ou seja, você sair de casa com a certeza que irá chegar ao destino no horário necessário. Isso só é possível em sistemas sobre trilhos ou com vias segregadas e total priorização”, diz Rafael Castelo, professor do departamento de engenharia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Ele afirma ser esse o motivo da boa imagem do sistema metroviário.
Cidades como São Paulo, no entanto, carecem de mais ramais urbanos sobre trilhos, continua o professor. Em termos comparativos, ele que o metro paulista tem uma média de expansão de 2 km ao ano, enquanto o de Londres, mais antigo e abrangente, possui expansão média superior a 2,5 km anuais.
Castelo afirma que algumas alternativas são a implementação de VLTs (Veiculos Leves Sobre Trilhos) e de BRTs (ônibus de trânsito rápido), além do investimento em transporte hidroviário. Entretanto, ao fim do dia, é muito sedutora opção a garantir viagem de porta a porta, caso do transporte por aplicativo, disse o especialista. “Está lá no horário necessário e por um preço acessível”.
Questionados sobre os dois principais motivos para que passassem a utilizar os ônibus nas grandes cidades, os entrevistados apontaram a redução de preço da tarifa (25%), a diminuição do tempo de espera (24%), o aumento da segurança (20%), a maior disponibilidade de linhas e percursos (18%), a ampliação do conforto interno (14%), a melhoria da qualidade dos veículos (13%) e a maior brevidade dentro do transporte público (13%).
Também questionados sobre os dois principais motivos para incentivar o uso da bicicleta, os entrevistados apontaram que usariam o transporte se houvesse melhoria da segurança para pedalar nas vias (39%); se os motoristas respeitassem os ciclistas (35%); se houvesse mais ciclovias e ciclofaixas (27%); se melhorasse a sinalização das ruas (21%); se a distância para o trabalho ou local de estudo não fosse tão grande (16%); e se o trajeto usado não tivesse tantas subidas ou ladeiras (11%). 11% responderam que nada nem nenhum motivo o faria usar a bicicleta como meio de transporte.
Estudo da CNI sobre mobilidade urbana, divulgado em maio, revelou que o Brasil precisa investir R$ 295 bilhões até 2042 em infraestruturas de mobilidade urbana nas 15 principais regiões metropolitanas do país. Essa é a quantia necessária para equiparar a infraestrutura de transportes desses municípios ao padrão da Cidade do México e Santiago, cidades referência na oferta de transportes urbanos na América Latina.
Fato é que os ônibus já se mostram um modelo saturado e muitas vezes Sem concorrência direta como seria o Transporte Marítimo havido em Florianópolis até 1926, quando foi perdendo força com a inauguração da primeira ligação (ponte Ilha/Continente/Ilha)! Atualmente há um lobby para que o Transporte Marítimo fique no passado e se for retomado ele venha como “integração” isto é: os ônibus iriam até o Terminal Maritimo onde os passageiros desceriam dos ônibus e adentrariam as Embarcações! Enquanto persistir o lobby do Transporte Coletivo (Ônibus) a Região Metropolitana vai convivendo com a redução dos horários de viagem, mesmo durante a semana!!!