Uma eleição é sempre um momento de muita tensão e, ao calor da disputa, a ganância de chegar ao poder leva os candidatos a revelar verdades que jamais revelariam em circunstâncias normais. Prova disso é a campanha eleitoral de José Melo (Pros) e Eduardo Braga (PMDB), dois políticos saídos do mesmo ninho, que conviveram por muitos anos comendo no mesmo prato, compartilhando informações que jamais deveriam chegar à opinião pública. Melo não mentiu quando afirmou que no governo de Eduardo Braga a Polícia Federal “visitou” várias vezes o Poder Executivo. Mas Melo era parte desse governo e o defendia. Nunca ameaçou deixar os cargos que ocupava, pelo contrário. Sempre foi um defensor da política adotada por Braga, sempre foi fiel ao ex-companheiro. O que mudou foi apenas a vontade de manter-se onde chegou. Braga acusou José Melo de não ser o homem simples que quis revelar-se na campanha eleitoral, e tem razão. Melo sempre esteve com o poder, era um homem do poder, que sempre foi usado pelos governantes de plantão. E Braga serviu-se dos serviços de Melo com a mesma vontade com que Melo o servia. Era conveniente para os dois.
Mas com a máquina na mão, Melo decidiu romper com Braga, e encontrou apoio em Omar Aziz (PSD), que também sempre foi um aliado fiel do senador do PMDB, até a eleição de 2010. O eleitor não pode se iludir e achar que o grupo de Eduardo Braga estará totalmente derrotado se ele não vencer. Não se escandalize o eleitor se em poucos meses Braga e Melo estiverem jogando no mesmo time. O caso de Alfredo Nascimento (PR) é exemplar. Ele terminou as eleições de 2010 como o “inimigo mortal” de Omar Aziz, que reclamava ataques à sua honra na campanha eleitoral daquele ano. Quatro anos mais tarde, vimos os dois no mesmo palanque, abraçados pela mesma causa, como se nada tivesse acontecido no passado. Porque na política, não há passado e nem futuro, mas apenas o presente. E o presente é sempre determinado pelos benefícios que cada um terá no jogo a ser jogado naquele momento.