Por Natália Cacian, da Folhapress
BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro indicou nesta quinta-feira, 12, o nome do tenente-coronel da reserva Jorge Luiz Kormann para ocupar uma vaga na diretoria da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Para que possa ocupar o posto, ele precisará passar por uma sabatina no Senado. A indicação foi divulgada no Diário Oficial da União.
Atualmente, Kormann é secretário-executivo adjunto do Ministério da Saúde, onde atua desde maio, quando o governo passou a aumentar o número de militares em postos-chave da pasta e até mesmo em cargos estratégicos.
Inicialmente, ele foi nomeado para o cargo de diretor de programa. Em junho, já na gestão do general Eduardo Pazuello, passou a secretário-executivo adjunto.
A indicação do militar, porém, chamou a atenção de servidores da Anvisa por não ter formação em saúde ou ampla experiência na área.
A escolha também ocorre em meio a uma guerra política estimulada por Bolsonaro em torno das vacinas contra a Covid-19.
Formado em ciências militares pela Academia Militar de Agulhas Negras, Kormann tem mestrado em ciências militares e especialização na área de gestão e administração de empresas, segundo informações informadas por ele à plataforma Lattes.
Na mesma plataforma, Kormann informou já ter sido assessor de gestão e planejamento estratégico no Hospital Militar de Área de Porto Alegre.
Caso seja aprovado, Kormann pode ser o segundo militar na atual diretoria da Anvisa, hoje comandada pelo contra-almirante da Marinha Antonio Barra Torres, que é próximo a Bolsonaro.
Nos últimos dias, a decisão da agência por suspender temporariamente os testes da vacina Coronavac, em desenvolvimento pelo Butantan, instituto ligada ao governo paulista, foi comemorada por Bolsonaro.
Barra, porém, nega interferência política e afirma que a decisão foi tomada pela área técnica e seguiu protocolos internacionais e normas da agência. Na quarta (11), a agência deu aval para que os testes sejam retomados.
A indicação de Kormann foi feita para a vaga da diretora Alessandra Soares, cujo mandato termina em 19 de dezembro. Atualmente, Soares comanda a segunda diretoria, submetida à gerência que cuida de medicamentos e vacinas. A agência, porém, diz que a análise desses produtos é feita por comitês técnicos.
Aponta ainda que isso não indica que ele será responsável pela mesma área, já que é comum haver uma redistribuição após a posse de diretores.
Recentemente, o Senado aprovou o nome de novos diretores à agência. Além de Barra, que foi confirmado como diretor-presidente, a lista reúne uma servidora de carreira da casa, um apadrinhado do bloco político centrão e uma médica que, nas redes sociais, tem se posicionado a favor do uso da hidroxicloroquina contra a Covid-19. Questionada pela Folha de S.Paulo na ocasião, ela evitou comentar as publicações.