Da Redação
MANAUS – O bispo de Roraima e segundo vice-presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Mário Antonio da Silva, denuncia em carta a omissão do governo federal no combate a ataques de garimpeiros contra terras indígenas do povo Yanomami no estado.
O documento, assinado na última terça-feira, 1º, informa que no dia 10 de maio deste ano a diocese de Roraima recebeu notícias de um tiroteio contra a aldeia Palimiú, na região do Rio Uraricoera. Mário Antonio afirma que nos dias seguintes novos ataques ocorreram contra a mesma comunidade, mas que até o momento poucas providências foram tomadas pelos órgãos responsáveis.
“Essa é mais uma face dessa ferida, o garimpo ilegal, dentro das terras indígenas, que são terras da União, de usufruto desses povos. Atividade que se instalou em Roraima e que nos últimos anos cresceu com a anuência dos poderes Legislativo e Executivo, inclusive com projetos de lei tentando validade e reconhecimento”, diz o bispo no documento.
Mário Antonio informa que a estimativa é de que haja 20 mil pessoas envolvidas com o garimpo dentro de terra indígenas Yanomami.
O bispo refuta a ideia de que o garimpo é uma atividade para o futuro de Roraima. “Não é verdade que nosso futuro venha com rios contaminados, áreas desmatadas, vidas ceifadas e genocídios”, critica.
De acordo com Dom Mário, desde novembro de 2018, cinco decisões judiciais pediram para retirar o garimpo ilegal e proteger a terra indígena Yanomami. Ao ATUAL, o bispo afirmou nesta quinta-feira que, apesar das determinações na Justiça, até agora só tiveram ações pontuais que se mostraram ineficientes.
“A nossa inquietação é que eles não estão realizando o que dizem as medidas judiciárias que é a retirada dos garimpos”, diz.
Na carta, o bispo afirma que a omissão e negligência das autoridades são inaceitáveis e que a proteção de territórios indígenas é uma obrigação constitucional do governo federal.
“Há um descumprimento sistemático por parte da União frente às suas obrigações, tornando-se assim principal cúmplice da violência, da depredação e ilegalidade”, diz.
Confira a carta completa AQUI.