Da Folhapress
BRASÍLIA-DF – Após avisar aliados de que deixará o governo de Jair Bolsonaro, o ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria Geral da Presidência, publicou na madrugada deste sábado, 16, mensagem em rede social dizendo que “a lealdade é um gesto bonito das boas amizades”.
“Uma
pessoa leal sempre será leal. Já o desleal, coitado, viverá sempre esperando o
mundo desabar na sua cabeça”, diz trecho da íntegra da mensagem, atribuída por
ele ao escritor brasileiro Edgard Abbehusen.
“Saímos de qualquer lugar com a cabeça erguida ao carregar no coração a
lealdade”, afirma o texto, publicado na conta do ministro no Instagram, em
que ele está ao lado do presidente Jair Bolsonaro na foto do perfil. “Só quem
entende o real significado dessa palavra tão forte compreende a importância de
praticá-la no seu dia a dia. A lealdade constrói pontes indestrutíveis nas
relações humanas”, ressalta.
Chamado publicamente de mentiroso pelo presidente Jair Bolsonaro em meio à crise das candidaturas laranjas do PSL reveladas pela Folha de S.Paulo, o ministro não conseguiu respaldo para seguir no cargo, após uma série de negociações que envolveram ministros palacianos nesta sexta-feira, 15.
Bolsonaro, após se reunir com Bebianno, avisou a ele e a aliados sobre a demissão – e que a saída do ministro poderá ser formalizada na segunda-feira, 18, segundo informou a Folha de S.Paulo.
Já Bebianno, que presidiu o PSL durante a campanha vitoriosa de Bolsonaro, também avisou a aliados que deixará o cargo. Abordado pela reportagem no hotel onde mora, em Brasília, disse que não daria declarações.
Bebianno tornou-se o centro de uma crise instalada no Palácio do Planalto depois que a Folha de S.Paulo revelou a existência de um esquema candidaturas laranjas do PSL, presidido pelo ministro entre janeiro e outubro de 2018.
A temperatura da crise subiu na quarta-feira (13), quando Carlos, o filho que cuida da estratégia digital do presidente, postou no Twitter que o então ministro havia mentido ao jornal O Globo ao dizer que conversara com Bolsonaro três vezes na véspera, negando a turbulência política. Mais tarde, no mesmo dia, Carlos divulgou um áudio no qual o presidente da República se recusa a conversar com Bebianno.
Bolsonaro, que seguia para Brasília depois de passar 17 dias internado em São Paulo após cirurgia para reconstruir o trânsito intestinal, endossou a atitude do filho -e o fez publicamente, repostando a acusação de Carlos e dizendo em entrevista à TV Record que não havia conversado com o ministro.
Na mesma entrevista à Record, o presidente disse ter determinado a abertura de inquérito da Polícia Federal sobre o esquema de candidaturas laranjas de seu partido e que, se Bebianno estivesse envolvido, “o destino não pode ser outro a não ser voltar às suas origens”, ou seja, deixar o governo. A gota-d’água para a demissão, segundo integrantes do Planalto, foi o vazamento de diálogos privados entre Bolsonaro e Bebianno, exclusivos da Presidência, ao site ‘O Antagonista’ e à revista ‘Veja’.