
Por Diogo Rocha, do ATUAL
MANAUS – Após má repercussão nas redes sociais e pressão de pais, a bancada do prefeito David Almeida na CMM (Câmara Municipal de Manaus) recuou para “limpar a imagem” e aprovou, na manhã desta quarta-feira (5), quatro requerimentos com pedido de audiência pública para debater a necessidade de contratar mediadores escolares para alunos com deficiência e autistas na rede municipal de ensino. Dois requerimentos são, inclusive, de autoria dos vereadores Jaildo Oliveira (PCdoB) e Professor Samuel (PL), ambos da base aliada do chefe do Poder Executivo.
Na segunda-feira (3), 16 vereadores, todos do grupo de apoio ao prefeito, derrubaram uma solicitação do vereador de oposição Rodrigo Guedes (Podemos) para realizar a mesma audiência, aprovada hoje por unanimidade. Dos 41 vereadores da CMM, 35 estavam presentes no momento da votação dos requerimentos nesta quarta, conforme o painel eletrônico.
O líder do prefeito na Câmara, Professor Fransuá (PV), que há dois dias orientou a base a votar contra o requerimento de Guedes, até mudou o posicionamento depois da repercussão negativa na opinião pública. Ele garantiu, nesta quarta-feira, ser favorável à realização no plenário da Câmara Municipal de uma audiência, com transmissão ao vivo, sobre a presença de profissionais para auxiliar pessoas com deficiência e autistas nas escolas municipais.
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“Já encaminho aqui a minha votação favorável (aos quatro requerimentos) por considerar justa e mais ampla a abrangência agora da solicitação [da audiência pública] e sem uma questão de oposição e situação. São vários partidos e vários vereadores [nesta quarta-feira] que fizeram a solicitação e isso vai permitir um debate mais amplo e transparente”, disse Fransuá Matos.
Presentes à sessão na CMM, pais de crianças com deficiência e autistas cobraram os vereadores para aprovarem a audiência. A sessão foi tensa com trocas de acusações entre vereadores e nenhum mea culpa de quem derrubou o requerimento na segunda-feira. Teve um depoimento emocionante de João Luiz de Souza Neves, 24, autista de alto funcionamento. Ele descreveu as dificuldades dos autistas para ter uma educação digna e entrar no mercado de trabalho e cobrou atitudes dos parlamentares em favor da causa.
“O autista é visto pela sociedade como um ser incapaz. Fato esse que não condiz com a nossa realidade, somos capazes sim. Todavia, dentro de nossas limitações. O que não temos são oportunidades e nossas limitações não são respeitadas pois a sociedade como um todo exige de um ser atípico comportamento típico”, disse João Neves.
Antes da votação, o presidente da CMM, Caio André (PSC), decidiu reunir em apenas um documento os quatro requerimentos, que possuíam o mesmo teor, de autoria dos vereadores Capitão Carpê (Republicanos), Professor Samuel (PL), Jaildo Oliveira (PCdoB) e novamente Rodrigo Guedes (Podemos).
Rodrigo Guedes afirmou que a os parlamentares da situação classificam ações da oposição como ‘oportunistas’ e ‘politicagem’. “Nós não somos políticos aqui? Por acaso o que a gente faz é politicagem? E o vereador que é da base do prefeito só faz ações nobres? Vereadores têm que respeitar a história das pessoas”, criticou Guedes.