Do ATUAL
MANAUS – A Polícia Federal descobriu que o áudio com conteúdo potencialmente difamatório contra o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), foi criado por um designer que tem relação profissional com três empresas de publicidade que atuam na capital amazonense. A polícia afirma que a ação não foi isolada e tenta identificar os “mandantes” do crime.
As informações foram divulgadas pelo delegado Rafael Grummt, que coordenou a Operação Nirmata, deflagrada nesta sexta-feira (9), contra suspeitos de envolvimento na elaboração de um áudio, a partir de inteligência artificial, que difama o prefeito.
O material criminoso circulou nas redes sociais em dezembro de 2023 após protesto de professores que cobravam o pagamento de abono salarial com dinheiro do Fundeb. O áudio, de sete segundos, tem o seguinte teor: “O que mais tem é professor vagabundo que quer o dinheirinho de mão beijada. Eu não paguei o Fundeb, mas o povo esquece, tu vai ver”.
A polícia cumpriu nove mandados de busca e apreensão contra o designer, três empresas de publicidade, sócios das empresas e dois compartilhadores da “fake news”. Viaturas da polícia estiveram nos bairros Adrianópolis e Aleixo.
De acordo com Grummt, os investigadores têm “certeza” que o material criminoso foi criado dentro de uma dessas empresas de publicidade. O designer, identificado através de “rastros” na internet, será ouvido para dizer como produziu o áudio.
“A partir daquele áudio, a gente começou a investigação preliminar e chegamos num designer. Não é uma pessoa isolada. Foi feito de forma profissional. (…) Entendemos que há uma profissionalização e há um objetivo claro de uma difamação contra o prefeito de Manaus”, disse Grummt.
Segundo as investigações, o áudio foi produzido por um computador profissional. “A partir dos próprios dados do áudio que a gente verifica que não foi criado em um computador pessoal, por exemplo. Há um computador profissional utilizado como destino para guardar esse áudio”, disse Grummt.
Questionado sobre a relação das empresas com o políticos, Grummt disse que elas “já tem vínculo eleitoral”. “São públicas as relações deles [empresas] com certos grupos políticos. Em prestações de contas consta a vinculação com a parte eleitoral. Então, não seriam empresas avulsas, elas já têm um vínculo eleitoral”, afirmou o delegado.
Outros envolvidos também serão ouvidos para identificação dos mandantes. “A partir das oitivas [de alvos da operação] e a contextualização, vamos chegar aos mandantes e ver se é uma ação isolada ou generalizada com intuito de difamação eleitoral propriamente com vínculo político”, afirmou Grummt.
Duas pessoas que compartilharam os alvos terão que prestar esclarecimentos à polícia. Os investigadores querem “verificar se essas pessoas fazem parte da estrutura de criação ou se eles apenas compartilharam com vistas a prejudicar a imagem do prefeito de Manaus”.
A operação também alcançou dois advogados. Em razão disso, a OAB-AM (Ordem dos Advogados do Brasil) participou das diligências.
“A função advogado não estava sendo investigada nesse caso, mas, como ele é advogado e pode dentro da casa ter elementos que referem-se à advocacia, esse integrante da OAB acompanha a diligência para resguardar a parte profissional de advogado. Como ele é advogado e também faz outras funções, é em relação as outras funções que a gente investigou”, disse Grummt.
Em nota, o prefeito David Almeida disse que o caso servirá de exemplo nas eleições deste ano em todo o país. “Esse é um caso que deve ser punido exemplarmente, que sirva de exemplo para o País, para que o próprio processo eleitoral deste ano não seja contaminado, não seja fraudado por aqueles que querem manipular a realidade a partir dos porões da internet, a própria justiça eleitoral nacional já está atenta a essa prática”, afirmou.
“Não existe anonimato na internet, os responsáveis são sempre localizados. Precisamos dar um basta naqueles que querem se promover difamando os outros de forma criminosa, com mentiras, distorcendo a realidade. Eu respondo, todos os dias, com trabalho”, completou David.
(Colaboraram Teófilo Benarrós de Mesquita e Murilo Rodrigues)