Do ATUAL
MANAUS – O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Amazonas repudia a pintura de faixa vermelha em uma parte do calçadão de pedras portuguesas da área de lazer e turismo da Ponta Negra, na zona oeste de Manaus. A ciclofaixa foi pintada entre a primeira rotatória, passa por trás das barracas de coco e prossegue pelo espaço da calçada e depois em área de barro e vegetação rasteira até em frente às instalações de quartel do Exército. Alguns trechos ainda estão em obras.
Em nota, o Conselho de Arquitetura considera a intervenção “inadequada e desrespeitosa com o patrimônio histórico-cultural da nossa cidade”.
Para os arquitetos, intervenções desse tipo devem ser realizadas com o devido estudo técnico, levando em consideração aspectos estéticos, históricos e principalmente “respeitando os direitos autorais de quem tecnicamente idealizou o que hoje se tornou nosso principal ponto turístico”.
“Exigimos que a Prefeitura de Manaus reveja essa intervenção e adote medidas para a recuperação do calçadão da Ponta Negra sob pena de tornar-se o dano irreversível. É imprescindível que sejam realizados estudos técnicos especializados para a preservação adequada desse patrimônio, que é de interesse de toda a população de Manaus”, afirma a entidade.
“Contamos com o apoio das entidades de preservação do patrimônio cultural e da sociedade em geral para que juntos possamos garantir a proteção do nosso legado histórico e cultural”, acrescenta.
A ciclofaixa pintada em parte do calçadão da Ponta Negra é extensão da ciclovia construída pela Prefeitura de Manaus no sentido bairro/Centro. Segundo a prefeitura, a instalação do corredor exclusivo para bicicletas é para retirar as ciclofaixas no asfalto da Avenida Coronel Teixeira e criar uma via isolada, com maior segurança aos ciclistas.
O projeto prevê o percurso desde o passeio próximo aos quartéis, à casa de eventos Dulcila, até o trecho do calçadão, com um retorno em duplo sentido de tráfego de bicicletas. O trajeto tem retorno na primeira rotatória. A obra fora do trecho do calçadão é em terrenos entre os muros de propriedades militares e a calçada.
Segundo a prefeitura, são 3,6 quilômetros de ciclovia, sendo que um quilômetro foi concluído.
Readequação
Em nota divulgada no início da tarde deste domingo (22), a Seminf (Secretaria Municipal de Infraestrutura) esclarece que o projeto de construção de 3,6 quilômetros da ciclovia segue os parâmetros definidos de forma prévia em conjunto com o Ministério Público do Estado do Amazonas.
“O corpo técnico da Seminf acompanha a execução da obra desde seu início, para garantir a viabilidade do projeto e a conclusão dentro do prazo estimado”, diz a Seminf na nota.
A Seminf informa que considera relevante os pontos levantados pela sociedade civil e organizada no debate público nas redes sociais sobre a pintura das pedras portuguesas, em etapa final da obra, e defere uma readequação do projeto inicial.
“A prefeitura fará a remoção e limpeza de toda a extensão de pedras que recebeu a pintura e, para dar continuidade ao projeto, irá implantar novas pedras portuguesas na cor vermelha opaca. A prefeitura reforça o compromisso com a opinião pública e a soberania do povo”, afirma a Seminf.
Em vídeo nas redes sociais, o secretário municipal de Infraestrutura, Renato Júnior, anuncia que o prefeito David Almeida determinou que seja removida a pintura. Segundo o secretário, “o prefeito ouviu o clamor da população”. Renato Júnior disse que a remoção será sem ônus para o município.