Marx Gabriel, um parceiro de toda hora quando está em jogo o interesse do Amazonas, sua economia e desenvolvimento, é CEO da MB Consultoria – empresa associada ao Cieam – e membro honorário da Universidade Fernando Pessoa, onde é professor visitante.
Desde os anos 90, carrega o estandarte do planejamento como ferramenta de visão do futuro e premissa do crescimento inteligente. Não é à toa que desde 1998, sob a inspiração de Jaime Benchimol, começou a assentar as premissas do e-Commerce, o revolucionário e trilionário comércio eletrônico.
Em tempos de isolamento social, tem clareza de que somente somando talentos e expertises vamos achar saídas para a recessão que se aproxima. Com a energia positiva de sempre, acolheu a Coluna Follow-Up, num acalorado encontro virtual. Confira!
Follow Up:Qual a importância deste grupo interinstitucional, Comitê Indústria – ZFM – Covid-19 para buscar saídas na crise que se instala na economia do Amazonas?
Marx Gabriel: No momento preocupante que vivemos – talvez a maior crise que já tivemos no Brasil e ZFM – é fundamental que a sociedade civil se una e construa propostas dos caminhos possíveis para sairmos da situação atual o mais rápido possível. Um grupo homogêneo no objetivo de solucionar a crise, mas diverso na sua formação, o que traz a riqueza de diversas opiniões e as promessas de soluções consistentes.
FUP: Como você descreve os cenários que podem acontecer com a economia a reboque da orientação do isolamento social?
MG: O isolamento social de 100 % da população, com o respectivo lockdown, vai trazer consequências desastrosas para a economia real. As empresas não têm capital de giro para estar paradas. Em sua maioria, não tem capital para um único mês. Sem receita, vão quebrar, a começar pelas micros, pequenas e medias empresas, que representam hoje 52 % dos empregos do Brasil. Esperar que o governo tenha recursos para manter empresas fechadas e pessoas em casa é ingenuidade ou má-fé. Com o lockdown, o próprio governo deixa de arrecadar e tudo isso o se torna um ciclo perverso. Precisamos sair do maniqueísmo de que há só um caminho, supressão ou inação, na linguagem técnica de enfrentamento do Covid-19. Temos que ter um forte plano de proteção e tratamento do grupo de risco (pessoas com mais de 60 e com doenças crônicas). Intensificação das boas práticas de higiene. Isso é claro. Mas para enorme maioria da população, seguramente mais de 80%, que não sofrerá danos maiores que uma gripe comum, por isso é fundamental que sejam liberadas para trabalhar e produzir trocas comerciais. Caso contrário, o desemprego, a fome e a violência não serão controlados.
FUP: De que instrumentos dispomos para reagir a essa realidade tão adversa para a economia?
MG:Lockdown significa condenar a 100 % da população a uma depressão econômica jamais vista, com taxas de desemprego chegando a 40 milhões de brasileiros, segundo estimativas, o caos, a desordem e até o esfacelamento do contrato social que tem regido o mundo civilizado. Não se trata de escolher a vida das pessoas ou a economia. Essa é uma equação enganosa. Com o isolamento radical vamos condenar as pessoas à penúria, violência e morte.
FUP:Que leitura você faz da famosa frase do Nietzche – “Aquilo que não nos mata, nos fortalece” – no contexto da economia do Amazonas.
MG: Se conseguirmos passar por essa crise unidos e principalmente, se tivermos a humildade de tirar lições profundas do que a gerou e do aprendizado que levou, podemos, no Amazonas, ter um grande impulso de desenvolvimento de soluções e lideranças para nossa indústria e desenvolvimento. Mas não podemos deixar que o remédio (lockdown) mate o paciente.