Da Redação
MANAUS – Sem falar português e mantendo comunicação apenas em sua língua nativa, Nazaria Lopes, da etnia baniwa, é a indígena mais idosa a vencer o novo coronavírus no Amazonas. Aos 92 anos de idade, ela recebeu alta médica nesta quarta-feira, 27, e deixou o hospital de campanha Gilberto Novaes, da Prefeitura de Manaus.
Apesar de oficialmente estar com 92 anos, os profissionais do hospital suspeitam que ela possa ter mais de 100 anos, uma vez que seu registro de nascimento foi feito quando ela já era adolescente. Ela recebeu alta médica juntamente com outros três indígenas de diferentes etnias.
“Essa é a força dos nossos ancestrais, exemplo de garra e perseverança”, disse o prefeito Arthur Virgílio Neto. “Dona Nazaria será, para nós, um símbolo da superação indígena, de luta contra a Covid-19 e de um povo que se engrandece perante os desafios”, completou.
Desde o início dos trabalhos no hospital de campanha municipal, 14 indígenas já receberam alta. Todos os pacientes retornam para suas residências na comunidade Parque das Tribos, no Tarumã, de ambulância, como foi o caso de Nazaria Lopes.
“Mesmo sem falar uma só palavra em português e sair curada, nos fez ficar extremamente felizes em vê-la vencendo essa doença”, disse o coordenador do hospital de campanha, Ricardo Nicolau.
A Prefeitura de Manaus vem realizando a busca ativa dos casos de Covid-19 entre a população indígena da capital, por meio das Unidades Básicas de Saúde Móveis.
Além do Parque das Tribos, esta semana outra comunidade indígena na zona norte da cidade também receberá os serviços de testes rápidos, orientação sobre medidas de prevenção, vacinação e outros atendimentos básicos de saúde.
Ao identificar casos positivos da doença, os indígenas são direcionados para tratamento em ala específica montada no hospital de campanha.
O índio da etnia munduruku Manoel Renato Lima, 67, reverenciou a equipe médica do deixar o hospital. “Eu sou muito grato a todos. Quem puder ficar em casa, fique em casa. E espero que todo mundo que venha para esse hospital possa sair assim, como eu estou saindo, curado”, relatou.
O hospital Gilbeto Novaes conta, atualmente, com 163 leitos ativos, dos quais 39 UTI. A unidade foi montada em uma escola para tratamento exclusivo de pacientes de Covid-19 e é gerido pelo grupo Samel em parceria com o instituto Transire.