O senador amazonense Alfredo Nascimento, opa, potiguar, mas lamentavelmente visto no Brasil como amazonense, é o mais novo “amazonense” que se destaca lá fora. Antigamente era assim que a imprensa do sul do país noticiava a prática de qualquer ilícito ou desvio de conduta praticado por qualquer amazonense, fora de seu Estado de origem, em pequenas notas, quase sempre reproduzidas pelos jornais locais, fato que nos enchia de vergonha.
Pelo lado do opróbrio, quem agora ocupa as páginas da grande imprensa é o senador Alfredo Nascimento, que já esteve envolvido em grande escândalo, quando ministro dos Transportes, em razão do que foi demitido pela presidente Dilma Roussef. Aparece lampeiro, engravatado e em lugar de destaque, numa reportagem semanal da revista Veja de quatro páginas, acusado da prática de uma sucessão de ilicitudes no projeto de “modernização” do Porto de Manaus, com vistas a atender às exigências para a realização de algumas poucas partidas da Copa do Mundo na capital amazonense.
Vejam os leitores o que diz a revista:
“O caso do senador Alfredo Nascimento, presidente do PR, é bem ilustrativo. Egresso do governo Lula, Nascimento foi demitido por Dilma, em 2011, depois de Veja revelar a existência de um azeitado esquema de corrupção no coração do Ministério dos Transportes. Cobrava-se propina em troca da execução de obras superfaturadas e contratos eram aditados sem respaldo técnico. Depois da queda de Nascimento e de quase trinta subordinados dele, a Controladoria-Geral da União (CGU) constatou um desvio de 760 milhões de reais no ministério, exatamente no período em que a turma estava no comando …
“Em abril de 2013, logo depois de Borges assumir os Transportes, Nascimento emplacou um de seus apadrinhados diletos, Fábio Porto, como superintendente do Dnit no Amazonas, seu berço eleitoral. O padrinho estendia a redenção ao afilhado, já que Fábio Porto também havia sito demitido na faxina …
“Sob o argumento de que era preciso preparar o porto para a Copa, decidiu-se revitalizar o Porto de Manaus, não por acaso o único do país a fazer parte da estrutura do Dnit, numa graciosa gentileza do governo, feita sob medida para atender a Nascimento. O primeiro passo foi contratar uma empresa para elaborar o projeto de reforma. A firma escolhida tinha em seus quadros, veja só, dois sobrinhos do ex-ministro. A medida seguinte foi contratar uma segunda empresa, agora para realizar as obras. Para agilizar o processo, foi usado o Regime Diferenciado de Contratações (RDC) … Só uma construtora apareceu. A J. Nasser pediu 79 milhões de reais pelo serviço. A licitação chamou a atenção do Tribunal de Contas da União (TCU), que resolveu examinar o processo. Além de encontrar preços superfaturados na casa de 9 milhões de reais, os auditores do tribunal constataram graves falhas no edital …
“As obras de revitalização do Porto de Manaus começaram, mas foram paralisadas devido a liminares judiciais. Nada, entretanto, capaz de impedir Nascimento de aumentar a influência no processo. Em novembro, ele conseguiu nomear o mesmo Fábio Porto como chefe da Autoridade Portuária no Porto de Manaus. Combinação perfeita: a empresa onde trabalham os sobrinhos do ex-ministro faz o projeto, um vizinho de porta toca a obra e um afilhado fiscaliza e cobra a execução do serviço …
“Procurado, Nascimento admitiu que indicou Fábio Porto e que é amigo de José Nasser (dono da construtora J. Nasser). Disse ainda que, como senador pelo Amazonas, foi ao TCU defender uma obra que será importante para o estado durante a Copa do Mundo. Ele só esqueceu de dizer que essa obra, mesmo contratada a toque de caixa, dificilmente ficará pronta a tempo …”.
E o Fábio, observem e pasmem os leitores, quanta coincidência, também é Porto. Ora, ora, vá gostar de porto assim na bica.
Uma vergonha. E o homem faz questão de se proclamar amazonense. Há algum tempo, para felicidade de seus conterrâneos do Rio Grande do Norte, não revela suas verdadeiras origens.